A Vodafone reclama a autoria da primeira chamada de vídeo realizada graças à interligação de comunicações de satélite com uma rede móvel terrestre. O serviço deve chegar aos clientes da empresa na Europa já no próximo ano e resulta de uma parceria com a empresa de satélites AST.

Com o mesmo parceiro, o operador britânico já tinha feito outros testes idênticos, para validar a interconexão entre as suas tecnologias, sem ter de recorrer a um equipamento móvel específico para o efeito, mas nos testes anteriores só foram validadas comunicações de voz, sobre uma rede 5G.

Abrir o leque e conseguir fornecer serviços de voz e dados, usando uma rede móvel convencional e serviços satélite, abre caminho para uma oferta completa de serviços móveis em qualquer ponto do planeta, mesmo em zonas sem cobertura de rede móvel. Permite fazê-lo a custos mais baixos que o de serviços como o da Starlink ou outros, que dependem da aquisição prévia de um equipamento específico e de uma subscrição própria.

A Vodafone mostrou a tecnologia a funcionar na sede da empresa em Londres, com a CEO a atender a chamada de vídeo realizada por um engenheiro da empresa que estava nas montanhas Welsh, no País de Gales, onde não há cobertura de rede móvel.

Estamos a usar o único serviço de satélite que consegue oferecer uma experiência móvel completa a partir de um dispositivo normal, para que seja possível usar desde voz a texto, passando pela transmissão de dados de vídeo”, explicou Della Valle, citada pela Reuters. “O nosso objetivo é trazer esta tecnologia para os clientes assim que for possível”, acrescentou. No comunicado, a empresa admite que o plano é acrescentar estes serviços de comunicações via satélite à oferta comercial entre o final de 2025 e durante 2026. Antes já tinha dito que vai começar pelas mensagens e chamadas de voz.

A dar cobertura ao serviço, compatível com smartphones 4 e 5G, está uma rede de cinco satélites da AST SpaceMobile, designada por BlueBird, que consegue garantir transmissões de dados para um smartphone normal até 120 megabits por segundo. A Vodafone é um dos investidores da companhia, que tem outros parceiros de capital relevantes nesta área das comunicações, como a AT&T, a Verizon ou a Google, dona do Android.

Há muito que começaram a surgir os primeiros serviços móveis apoiados em comunicações de satélite. A Apple permite a utilização de um serviço de satélite para enviar mensagens de emergência e partilhar a localização desde que lançou o iPhone 14. Mais recentemente outros fabricantes adicionaram o mesmo tipo de funcionalidade.

A rede de satélites da SpaceX, comercialmente explorada com a marca Starlink, também está no centro de uma parceria entre a empresa e a T-Mobile, para permitir aos clientes da operadora enviarem mensagens de texto a partir de qualquer local, e planos para juntar voz e dados às comunicações mais à frente.

Já se sabia que alguns modelos da Samsung, com Android, conseguem usar o serviço. O lançamento do iOS 18.3 fez revelar que também o iPhone passa a suportá-lo, para os clientes ligados à rede da T-Mobile nos Estados Unidos.

Até agora, a Apple recorria aos serviços da Globalstar para assegurar os serviços de satélite já integrados no iPhone e no final do ano foi mesmo revelado um investimento adicional de 1,5 mil milhões de dólares na empresa, com o intuito de expandir a cobertura de serviços de satélite no iPhone.