A Valve volta a estar no centro de acusações pelos governos europeus pelas suas políticas de negócio na plataforma Steam, a maior loja de jogos PC em formato digital. Desta vez foi o Tribunal de Primeira Instância de Paris que aponta o dedo à empresa por não deixar os seus utilizadores venderem os seus jogos adquiridos no Steam, da mesma forma como podem vender as versões físicas, avança o website francês Numerama.

A Valve, através de Doug Lombardi, já veio responder à acusação e vai apelar à justiça, afirmando que “não concorda com a decisão e que vai apelar. Decisão essa que não irá afetar o Steam durante o processo”.

O caso já remonta a 2015 quando uma associação francesa dos direitos do consumidor, a UFC-Que Choiser, ganhou um caso semelhante, com os tribunais a acusarem a Valve de que sob a lei europeia, os utilizadores podem revender produtos não-físicos, especificamente videojogos comprados via Steam.

Nas regras da Steam, a venda de jogos em segunda mão é proibida, e qualquer tentativa de o fazer pode dar direito a ver a sua conta banida da plataforma. No caso da Valve ser condenada, a plataforma terá de ser modificada, caso contrário a empresa pode ser multada até aos 546 mil euros. Ou seja, 3.000 euros por dia, até seis meses. Ao aplicar-se esta coima, certamente tudo ficará na mesma, visto que meio milhão de dólares parece uma gota no oceano para uma empresa que em 2017 registou receitas de 4,3 mil milhões de dólares.

Anteriormente, a Comissão Europeia acusou a Steam e algumas editoras de videojogos de quebrar políticas antitrust e geoblocking. As editoras utilizam o geo-blocking para que um jogo adquirido por um valor inferior num país seja impedido de funcionar noutro mais "rico", reduzindo dessa forma as "importações não oficiais". A plataforma digital Steam, por exemplo, conseguiu reduzir substancialmente a pirataria na Rússia, convencendo os utilizadores a jogarem legalmente os títulos no Steam baixando o preço, mas os jogos só funcionam neste mercado. A Comissão Europeia defende que isso é ilegal e vai contra as regras antitrust estabelecidas.