A ideia é evitar que as mensagens de correio eletrónico e outros dados passem por servidores localizados nos Estados Unidos, onde podem ser sujeitos a espionagem.

A chanceler alemã adiantou no seu podcast semanal que desaprova que empresas como a Google e o Facebook estabeleçam as suas operações em países com baixos níveis de proteção de dados, mantendo-se ativas em países onde a regras são mais rígidas, como a Alemanha.

"Conversaremos com França sobre como podemos manter um alto nível de proteção de dados [...] Fundamentalmente falaremos de fornecedores europeus que ofereçam segurança aos nossos cidadãos, de modo que não tenham de enviar mensagens de correio eletrónico e outra informação para o outro lado do Atlântico. Em vez disso poderíamos construir uma rede de comunicações na Europa", afirmou.

A questão é política, de soberania e privacidade, mas abarca também consequências tecnológicas, podendo dar origem a uma ideia antiga de divisão da Internet, com a criação de uma rede de comunicações independente na Europa.

As revelações sobre o sistema de espionagem da NSA, o PRISM, divulgado pelo ex-analista Edward Snowden, estão na origem do retomar desta ideia e das negociações que estarão em curso entre a França e a Alemanha, que foi também vítima de espionagem ao mais alto nível, com escutas aos telefonemas de Angela Merkel.

A revista Der Spiegel revelava este fim de semana os planos do governo alemão de aumentar as medidas de contra espionagem e afirmava que num único dia, 7 de janeiro, a NSA tinha vigiado mais de 60 milhões de chamadas telefónicas de alemães.

A chanceler alemã vai deslocar-se a França esta semana para reuniões com François Hollande e a criação de um projeto que permita melhorar a proteção de dados na Europa deverá ser uma das prioridades, adianta o jornal El Mundo.

O Gabinete de Hollande confirmou que o assunto já tinha asido abordado antes e que o governo francês está alinhado com as propostas de Berlim.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico