Recentemente, a Apple anunciou um conjunto de novas funcionalidades de segurança. Entre elas inclui-se a Advanced Data Protection, que permite proteger ainda mais dados armazenados na iCloud. O objetivo é impedir que a informação sensível vá parar às mãos de cibercriminosos ou governos autoritários, no entanto, o FBI alerta que poderá ser prejudicial para investigações. 

De acordo com a Apple, há 14 categorias de dados sensíveis que são protegidas por predefinição através de encriptação ponta-a-ponta na iCloud. Ao ativar a funcionalidade Advanced Data Protection o número sobe para 23, incluindo backups, notas e fotos.

Apple | Advanced Data Protection
Apple | Advanced Data Protection créditos: Apple

A Advanced Data Protection para a iCloud já está disponível nos Estados Unidos para quem faz parte do programa de testes Beta de software, chegando aos restantes utilizadores no país no final do ano. A empresa da maçã detalha que a funcionalidade vai chegar de forma faseada ao resto do mundo no início de 2023.

A Apple tencionava implementar esta funcionalidade de encriptação há muito mais tempo. No entanto, na altura, a gigante tecnológica acabou por abandonar os planos devido a pressão por parte do FBI.

Agora, em declarações ao The Washington Post, o FBI indica que está “profundamente preocupado” com o impacto da funcionalidade. “Isto prejudica a nossa capacidade de proteger o povo americano de atos criminosos:  de ciberataques e atos de violência contra crianças a tráfico de drogas, crime organizado e terrorismo”, defende.

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Há já vários anos que o governo norte-americano tem pressionado a Apple para colaborar no desbloqueio de iPhones ligados à investigação de crimes no país. No entanto, a empresa da maçã tem recusado.

Por exemplo, em 2016, a Apple recusou-se veementemente a colaborar com o FBI no caso do iPhone do terrorista de San Bernardino, mesmo depois de ter sido levada a tribunal. As autoridades pagaram cerca de 900 mil dólares por uma ferramenta externa que lhes permitiu aceder aos dados do equipamento.

Já em 2020, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou que o FBI conseguiu desbloquear o iPhone 11 de Lev Parnas, um dos suspeitos de envolvimento no processo que levou ao Impeachment de Donald Trump. O FBI terá recorrido aos serviços da israelita Cellebrite para desbloquear o smartphone.

Recorde-se que o anúncio de novas funcionalidades de segurança surge depois de a Apple ter abandonado os seus planos para a implementação de um sistema que permitiria detetar imagens de abuso sexual de crianças nos iPhones.

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Segundo a Apple, a decisão foi tomada após uma extensa consulta junto de especialistas. “As crianças podem ser protegidas sem que as empresas tenham de percorrer os seus dados pessoais”, realçou a empresa. 

A Apple quer agora reforçar o desenvolvimento da funcionalidade de comunicações seguras lançada em dezembro do ano passado. A funcionalidade alerta os os mais novos, assim como os pais e educadores, para mensagens com anexos de imagem que podem ser sexualmente explícitos, desfocando o conteúdo.