Um novo relatório da Cloudflare revela que o segundo trimestre do ano foi marcado por várias disrupções no acesso à Internet um pouco por todo o mundo, em particular, bloqueios causados por Governos, mas também por ciberataques, ações militares e problemas técnicos, como apagões elétricos.

Olhando para os bloqueios no acesso à Internet causados por Governos, os especialistas da Cloudflare explicam que o final da Primavera costuma marcar a época de exames escolares em vários países africanos e do Médio Oriente.

Para impedir que os estudantes copiem nos exames, os Governos destes países, implementam medidas de restrição ou mesmo bloqueios no acesso à Internet durante este período de exames. Este ano, a Cloudflare identificou apagões deste tipo no Iraque, Argélia e Síria.

Já em países como Senegal, Mauritânia, Paquistão e Índia, protestos violentos e conflitos étnicos que decorreram ao longo do segundo trimestre do ano estiveram na origem de vários bloqueios governamentais, em específico no acesso a redes sociais e aplicações de comunicação, assim como a serviços móveis de Internet, que perduraram por dias ou até semanas.

A Internet é um dos campos de batalha da guerra na Ucrânia e, anteriormente, um relatório da Cloudflare já tinha demonstrado o impacto do conflito no acesso e tráfego online e no número de ciberataques mitigados ao longo de 2022.

A guerra ainda continua, com ciberataques que levaram a disrupções no acesso à Internet. Em maio, os especialistas detectaram uma interrupção nos serviços de Internet da Miranda Media, uma operadora de rede baseada na Crimeia e controlada pela Rússia.

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Ao que tudo indica, a interrupção, que causou disrupções no acesso à Internet na Crimeia e em territórios ucranianos ocupados por tropas russas, que terá sido causada por um ciberataque levado a cabo por hacktivistas ucranianos.

No final de junho, os serviços da Dozor Teleport, uma empresa que fornece serviços de comunicação via satélite e que, entre os seus clientes, conta com entidades como o Ministério da Defesa russo, o Serviço Federal de Segurança do país e a Gazprom, registou uma interrupção que durou por várias horas. A disrupção terá sido causada por um ciberataque reivindicado por, pelo menos, dois grupos.

Para lá da guerra na Ucrânia, o relatório aponta também para o impacto de disrupções causadas por ações militares em países como Chade e Sudão. 

Apagões elétricos, problemas técnicos e tempestades

No que respeita a apagões elétricos, Portugal foi um dos países afetados por um destes casos durante o segundo trimestre do ano. No dia 6 de junho, uma falha no fornecimento de energia que afetou o LS1 International Business Exchange (IBX) teve impacto nos serviços da Equinix, refletindo-se nos serviços dos operadores.

As dificuldades na ligação à Internet também se fizeram sentir em tribunais, incluindo na rede do Campus da Justiça, em Lisboa. Na altura, dados da Cloudflare mostraram também o impacto nos serviços dos operadores, com o tráfego a cair 87% na MEO e o impacto na largura de banda e latência.

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Além de Portugal, entre os países afetados por apagões elétricos incluem-se ainda Curaçau, Botswana e Barbados, em junho, maio e abril, respectivamente. Durante o período em análise, Bolívia, Gâmbia e Filipinas registaram também disrupções causadas por danos em cabos de fibra ótica e cabos submarinos.

Ao longo do segundo trimestre do ano, problemas técnicos nos serviços de operadoras de telecomunicações estiveram na origem de disrupções no acesso à Internet na Namíbia, Ilhas Salomão, Madagascar e Reino Unido.

Os serviços de Internet da Starlink, da SpaceX, também registaram uma breve interrupção durante o período em análise, afetando utilizadores em múltiplos países. De acordo com Elon Musk a origem da disrupção estava relacionada com um certificado digital expirado, associado a uma ou mais estações terrestres da Starlink.

Em maio, Guam, um território insular dos Estados Unidos, foi severamente afetado pelo ciclone tropical Mawar, que causou sérios danos, incluindo em infraestruturas de comunicações, que resultaram em disrupções no acesso à Internet. Os esforços de recuperação começaram quase imediatamente, com uma das operadoras presentes no território a restaurar os seus serviços em meados de junho.