Hoje assinala-se um ano desde o início da invasão russa à Ucrânia. Um novo relatório da Cloudflare demonstra o impacto da guerra no acesso à Internet na Ucrânia e no tráfego online, mas também no número de ciberataques mitigados ao longo dos últimos 12 meses no país pela tecnologia da empresa.

Os especialistas começam por explicar que, nas semanas que se seguiram ao estalar da guerra, o tráfego gerado por internautas ucranianos registou uma queda de até 33%. Os níveis de tráfego online recuperaram nos meses seguintes, verificando-se um crescimento significativo em setembro e outubro, altura em que muitos refugiados regressaram ao país.

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No entanto, depois de outubro, registaram-se múltiplos apagões a nível nacional. Recorde-se que, no final do ano passado, os bombardeamentos russos causaram danos em infraestruturas que deixaram muitos ucranianos sem aquecimento, sem eletricidade e sem acesso à Internet. Na altura, a NetBlocks tinha dado conta de uma quebra na conetividade de rede que afetou múltiplas regiões no país.

netblocks ucrânia, véspera de ano novo

De acordo com o relatório da Cloudflare, antes da guerra, num dia normal, o tráfego online atingia geralmente um pico pelas 15h00, descendo entre as 17h00 e as 18h00. O tráfego alcançava o pico mais alto pelas 21h00.

Após a invasão russa, os especialistas observaram mudanças neste padrão. Nos primeiros dias da guerra, o tráfego atingia um pico pelas 19h00, numa altura em que os habitantes de várias cidades passavam as noites em bunkers improvisados. Já no final de março, o pico mais alto das 21h00 voltou a surgir. No entanto, a descida à tarde só regressou em março.

Os dados revelam uma queda no tráfego gerado tanto a nível mobile como desktop após a invasão. Mesmo assim, o volume de pedidos gerados através de equipamentos mobile manteve-se relativamente alto ao longo do ano. Antes da guerra, os equipamentos mobile correspondiam a 53% do tráfego gerado. O valor cresceu para 60% nas primeiras semanas após o início da guerra, voltando aos níveis anteriores no final de abril.

O relatório realça também um crescimento de 500% no tráfego de Internet Starlink entre meados de março e maio. Este tráfego continuou a aumentar até meados de novembro, registando um crescimento de quase 300% durante esse período.

Apesar dos ataques e disrupções, os especialistas da Cloudflare realçam que, a Internet ucraniana tem mostrado a sua resiliência e capacidade de recuperação. Os esforços reunidos para reparar as infraestruturas de redes, assim como os cabos de fibra ótica danificados devido a ataques russos, tem sido essenciais para manter a resiliência.

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O número de ciberataques mitigados pela Web Application Firewall (WAF) da Cloudflare aumentou significativamente após o início da guerra. A 28 de fevereiro de 2022, o valor era 105% mais alto do que no período anterior à invasão. Já em março, o valor era 1.300% mais elevado do que antes da guerra.

Entre os sectores mais afetados por tentativas de ciberataque na Ucrânia destacam-se o dos serviços governamentais, e dos serviços financeiros, e dos media. Os especialistas indicam que houve um aumento nos ataques DDoS que visavam empresas ucranianas da área dos media, sobretudo websites noticiosos. Aliás, o top 5 das indústrias mais afetadas por ataques DDoS nos dois primeiros trimestres de 2022 inclui media televisivos, online e impressos.