Em outubro, 41 dos Estados Unidos deram início a ações judiciais contra a Meta por utilizar funcionalidades viciantes nas suas redes sociais, como o Instagram e Facebook, causando transtornos de saúde mental nos utilizadores mais jovens. Agora são centenas de famílias a interporem ações contra as principais empresas tecnológicas, donas das redes sociais mais utilizadas. A ação é direcionada à Meta, TikTok, Google e a Snap Inc., casa-mãe do Snapchat, reporta a BBC.

Meta enfrenta ação judicial em 41 dos Estados Unidos por usar funcionalidades “viciantes” nas suas plataformas
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O jornal partilhou o testemunho de diferentes vítimas de utilização abusiva das redes sociais e que agora acusam as empresas tecnológicas de saberem que os seus produtos podem criar vício entre os utilizadores e nada fazer para evitar. Uma das testemunhas chama-se Taylor Little e conta como ficou presa no vício das redes sociais aos 12 anos, levando-a a anos de depressão e tentativas de suicídio pelo meio. Agora com 21 anos, a jovem acredita que as empresas sabem dos efeitos de vício das redes sociais e como estes produtos podem ser prejudiciais para os jovens.

Movida por centenas de famílias contra as donas das redes sociais, esta ação judicial já é considerada uma das maiores contra as empresas de Silicon Valley. À ação juntam-se ainda escolas dos vários distritos espalhados pelos Estados Unidos que culpam as empresas das suas plataformas serem prejudiciais por design. E tomam como exemplo o caso de uma jovem britânica de 14 anos chamada Molly Russel, que teve acesso a vários materiais relacionados com automutilação, suicídio e depressão nas redes sociais, quando encontrada morta, como destacado pelo Sky News.

O caso ocorrido no Reino Unido foi um dos motivos que levaram à criação da lei Online Safety Bill, medidas de proteção online de crianças, no combate aos conteúdos ilegais, fraudes e partilha de fotos íntimas sem sentimento. E as empresas das redes sociais passam a ser responsáveis nas irregularidades, com multas que podem chegar aos 18 milhões de libras ou equivalentes a 10% da sua faturação global.

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As famílias que apresentaram as entradas nos tribunais nos Estados Unidos receberam boas notícias sobre o caso, depois de na semana passada um juiz federal destacar que as empresas não podem utilizar a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege de liberdade de expressão, para bloquear as ações legais. O juiz Gonzalez Rogers salientou que a falta de um sistema robusto de verificação de idade e fracas ferramentas de controlo parental, que estão na base das queixas das famílias, não são problemas de liberdade de expressão.

A decisão foi considerada pelos advogados das famílias como uma vitória significante. Mas as empresas já expressaram que as acusações não são verdadeiras e prometem defender-se. Os advogados dos queixosos têm vindo a apontar o seu foco na acusação do design das plataformas, destacando que têm funcionalidades que criam vício.

A BBC cita a Meta, que diz em comunicado que continua a trabalhar para oferecer aos jovens uma experiência online segura e com suporte. A Google também disse que as acusações não são verdade e que a proteção dos mais jovens nas suas plataformas sempre fora o núcleo do seu trabalho. A Snap diz que a sua plataforma foi desenhada para remover a pressão de ser perfeita e que veta todo o conteúdo antes que este alcance uma larga audiência para prevenir algo que seja considerado perigoso. Apenas o Tiktok não respondeu às acusações.