A reação da Meta, anteriormente conhecida como Facebook, às denuncias feitas por Frances Haugen, que ainda ontem pisou o palco central do Web Summit para explicar porque tomou a decisão de se tornar uma whistleblower, estiveram em destaque na sessão “Facebook and innovation in Europe”, com Nick Clegg, vice-presidente de assuntos internacionais e de comunicação da Meta.

A propósito das declarações de Frances Haugen, Nick Clegg, que esteve presente no evento via videoconferência, afirma que, apesar da whistleblower ter o direito de denunciar situações que considera impróprias, há sempre dois lados em qualquer história.

O responsável admite que, perante as críticas e denúncias feitas, a empresa pretende continuar a afinar os seus sistemas e a implementar medidas para melhorar as suas plataformas, sobretudo, no que toca a jovens e crianças, motivo pelo qual a empresa decidiu colocar “em pausa” o projeto do Instagram Kids.

Para Nick Clegg, a transparência, o escrutínio e a regulação são aspetos importantes e que se aplicam a todas as empresas, incluindo à Meta. Questionado se as redes sociais do universo da Meta são o novo “tabaco”, o responsável discorda da perspetiva, enfatizando que os utilizadores não são simplesmente “alimentados à força”.

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Os Facebook Papers, o conjunto de novos dados publicados por um consórcio de 17 organizações noticiosas que tiveram acesso a documentos obtidos por Frances Haugen,  apontam que 80% do dinheiro investido na luta contra a desinformação é apenas aplicado nos Estados Unidos, não havendo uma distribuição equitativa entre países.

Nick Clegg defende que, mais recentemente, têm vindo a ser tomadas medidas para melhorar os sistemas de suporte a diversas línguas. O responsável afirma que, embora a empresa tenha vindo a alocar uma parte significativa dos seus recursos na melhoria dos seus sistemas, ainda há muito caminho para percorrer para poder lidar com todas as questões em mãos.

Embora haja quem considerasse o mais recente Facebook Connect como uma espécie de metaverso à parte, por entre toda a “chuva” de denuncias dos Facebook Papers. Segundo Nick Clegg, a empresa pretende que este momento seja como uma virar de página, indicando que além do foco no metaverso, as atenções estão também centradas na forma como o seu novo projeto pode servir os utilizadores de uma melhor forma, motivo pelo qual estão a ser feitos esforços acrescidos para desenvolver a tecnologia antes de apresenta-la ao público.

Veja as imagens captadas pela equipa do SAPO TEK que dão uma perspetiva por dentro do Web Summit

4 dias de agenda cheia

O Web Summit 2021 começou ontem com uma sessão de abertura onde as startups subiram ao palco mas onde a notícia principal foi Frances Hugen, a denunciante do Facebook que tem acusado a rede social de adotar práticas nocivas em favor do lucro financeiro. Também Carlos Moedas e o ministro Pedro Siza Vieira estiveram em palco para promover o empreendedorismo em Portugal e acolher as startups que se queiram instalar no país. O novo presidente da Câmara de Lisboa anunciou a criação de uma "fábrica de startups" para 2022.

Este é só o início do Web Summit, e de uma agenda cheia. No SAPO TEK, já tínhamos dado a conhecer 10 oradores que vale a pena ouvir no Web Summit 2021 e para ajudar a compor a sua agenda para o evento, destacamos ainda algumas das talks que deve apontar no calendário, e que poderá também consultar ao detalhe no website do Web Summit, ou na própria aplicação do evento.

Clique nas imagens para conhecer algumas talks que vale a pena acompanhar no Web Summit 2021

Dia 2 de novembro

Christopher Wylie, “whistleblower” do Facebook no polémico caso Cambrige Analytica e agora responsável pelo departamento de tecnologias emergentes da H&M, sobe ao palco para uma conversa acerca da regulação da Internet. O mundo online não tem de ser um local “assustador” e o responsável defende que as atuais abordagens de regulação das tecnologias poderão não funcionar no futuro, apelando a uma mudança para evitar desastres.

Fora dos ecrãs, a atriz e comediante Amy Poehler tem vindo a trabalhar para ajudar jovens mulheres a tornarem-se líderes e, nesta sessão marcada no palco central do Web Summit, dará a conhecer mais sobre a forma como podemos dar mais poder às gerações futuras.

Ao longo dos últimos anos, a Cloud mudou significativamente o mundo em que vivemos. Nesta sessão, Werner Vogels, CTO da Amazon, apresenta o exemplo da AWS, detalhando a forma como evoluiu ao longo do tempo, começando por operar apenas alguns serviços em certas regiões e passando a levar a tecnologia na “nuvem” a quase todos os cantos do mundo.

Dia 3 de novembro

O lançamento oficial da European Startups Nations Alliance (ESNA) está em destaque no palco central do Web Summit, numa sessão liderada por Pedro Siza Vieira, Ministro da Economia. Apresentada neste ano, a ESNA, onde Portugal apresenta um papel de destaque, afirma-se como um passo essencial para tornar o ecossistema europeu de empreendedorismo mais competitivo.

A pandemia de COVID-19 pôs a “nu” as disparidades que existem no mundo, incluindo no acesso ao digital, que se tornou numa ferramenta fundamental para manter a vida a funcional no “novo normal”. Será possível atingir uma maior equidade digital entre países? É esta a pergunta a que Brad Smith, presidente da Microsoft, se propõe a responder nesta sessão.

O desenvolvimento do metaverso é um dos novos objetivos do Facebook, que, ainda na semana passada mudou de identidade, passando a chamar-se Meta, refletindo os seus novos propósitos. Nesta sessão, Chris Cox, CTO da empresa, dará a conhecer um pouco mais do que podemos esperar do metaverso e sobre a forma como promete transformar as nossas vidas.

Dia 4 de novembro

Estaremos a entrar na época áurea da tecnologia europeia? Embora a Europa tenha apenas um décimo de todos os “unicórnios”, com as empresas dos Estados Unidos e China a liderarem nesta categoria, há potencial para ter um papel ainda mais relevante no ecossistema tecnológico global. Nesta sessão, António Dias Martins, CEO da Startup Portugal, e Kat Borlongan, Founding Member da Scale-Up Europe, darão a conhecer o que será necessário para a Europa atingir o seu potencial.

A sustentabilidade e a luta contra as alterações climáticas também fazem parte das temáticas em debate no Web Summit 2021. Patrick Brown, CEO da Impossible Foods, sobe ao palco central para uma sessão acerca da forma como a redução do consumo de produtos animais e a escolha de uma alimentação à base de plantas pode ser uma das formas mais poderosas de pôr um travão nas alterações climáticas.

O “pai” da World Wide Web está de regresso ao Web Summit para uma sessão centrada no uso desregrado de dados. Acompanhado por John Bruce, CEO e cofundador da Inrupt, Tim Berners-Lee, também cofundador e CTO da empresa, deixará um apelo aos governantes um pouco por todo o mundo, focando-se na forma como será possível catalisar a próxima era da web.

Deixe também na caixa de comentários outras sugestões e acompanhe o trabalho do SAPO TEK no Web Summit através do dossier dedicado à conferência.

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