O panorama da criminalidade em Portugal está a mudar por conta da tecnologia e o Relatório Anual de Segurança Interna, que está completo até ao terceiro trimestre do ano, é prova disso.

Feitas as contas, a criminalidade geral e a violenta desceram 6,5% e 10,5%, respetivamente, enquanto as extorsões e as burlas informáticas são os crimes que registaram os maiores aumentos com diferenças relativas a 2015 na ordem dos 70% e dos 20%.

Os dados são do Gabinete Coordenador de Segurança (GCS) que nota uma tendência descendente na criminalidade já desde o passado ano de 2008, contando apenas com uma interrupção em 2015, altura pela qual se registou um aumento de 1,3% na criminalidade geral.

Por outro lado, à medida que os roubos, os raptos e os sequestros desceram, os crimes na internet voltaram a aumentar. Só as chantagens, por exemplo, aumentaram cerca de 70% nos primeiros nove meses do ano.

Do leque de transgressões cometidas online, o GCS dá especial destaque à extorsão sexual, aos acessos ilegítimos, à sabotagem, à devassa e às burlas que, isoladamente, registaram 6.800 participações entre janeiro e setembro de 2016, mais 1.200 do que em 2015. E os contrastes entre os dois tipos de criminalidade voltam a demarcar-se na prevenção e na reação das forças policiais. De acordo com o presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, António Nunes, Portugal está "muito atrasado" no que toca aos meios de combate a este tipo de delito que, de modo geral, se vai impondo nas sociedades modernas.

"O cibercrime e todos os crimes que têm a web como palco, obrigam a que as nossas polícias, em especial a PJ, e os serviços de informações criem unidades altamente especializadas e exige um tipo de recrutamento de agentes, de 'cyberpolícias', que sejam peritos nestas matérias. Tem que haver outros critérios na seleção de inspetores que valorizem estas especializações e não tanto as capacidade físicas", diz António Nunes citado pelo Diário de Notícias.

O relatório só deverá estar concluído em meados de 2017, com dados referentes ao último trimestre do ano, mas os dados aferidos até à data já deixam desenhar um panorama geral para 2016 que não deverá fugir aos resultados finais.