As fake news são um dos mais nefastos fenómenos do universo digital e as grandes empresas do sector, como o Facebook, o Twitter e a Google, desempenham um papel fulcral no que toca à sua disseminação. Neste campo, as suas responsabilidades não são apenas éticas, mas também legais. Os investimentos para fazer frente a estes desafios têm sido feitos de variadas formas. A Google, por exemplo, estabeleceu parcerias com empresas que se encarregam agora de verificar a veracidade dos factos alegados por algumas notícias, introduziu emblemas de verificação e construiu até um novo algoritmo que prioritiza notícias de grandes órgãos de comunicação.

Os esforços, contudo, podem não ser suficientes. "Online, é cada vez mais difícil distinguir o que é verdade, daquilo que não é verdade", escreve a empresa norte-americana numa publicação feita esta terça-feira no seu blog oficial. "Os modelos de negócio do jornalismo continuam a mudar drasticamente. A rápida evolução da tecnologia está a desafiar todas as instituições a manter o ritmo", conclui. Face a isto, e de forma a manter o investimento em linha com aquilo que é a dinâmica digital da informação, a Google anunciou o lançamento da Google News Initiative (GNI).

Este novo serviço vai focar-se em três objetivos principais: elevar e solidificar o jornalismo de qualidade, desenvolver modelos de negócio que sustentem o crescimento de empresas noticiosas e fortalecer estas mesmas organizações através da inovação tecnológica.

Para assegurar a consagração do primeiro ponto, a tecnológica de Mountain View criou o Disinfo Lab. Este departamento vai atuar em momentos críticos, em que o fluxo de informação é maior (eleições, acontecimentos de última hora), para filtrar conteúdos falsos ou que integrem verdades manipuladas. Em adição, foram celebradas três novas parcerias (Poynter Institute, Stanford University e Local Media Association) para desenvolver o MediaWise, uma iniciativa desenvolvida para trabalhar a literacia digital das gerações mais novas.

As transformações estendem-se também às subscrições digitais de órgãos de comunicação, que poderão agora ser feitas de forma mais simples através de uma plataforma chamada Subscribe with Google. Aqui, não só as subscrições vão ser condensadas num portal uno e transversal, como será utilizado um sistema de machine learning para lhe sugerir publicações que se enquadrem nos seus hábitos de consumo.

Para as empresas que atuam neste sector, foi criada uma ferramenta que as ajuda a entender melhor o seu público, e uma outra que facilita a montagem de uma rede privada de VPN.

Os 300 milhões inicialmente referidos vão ser investidos ao longo dos próximos anos, através de todas estas iniciativas. "Os compromissos que estamos a assumir com o Google News Initiative demonstra que as notícias e o jornalismo de qualidade são uma das primeiras prioridades da Google", sublinha a própria empresa. "Sabemos que o sucesso só pode ser alcançado se trabalharmos juntos e faz parte dos nossos planos continuar a colaborar com a imprensa de forma a construir um futuro mais sólido para o jornalismo".