A Mozilla lançou esta semana um relatório que atesta o estado de saúde da internet. E numa semana em que o CEO do Facebook foi ouvido perante o Congresso norte-americano, o diagnóstico não é favorável.
Um dos principais problemas destacados no Internet Health Report está relacionado com a oligarquia em que a grande rede está mergulhada. No documento, a Mozilla mostra-se preocupada com o domínio evidente das grandes tecnológicas, como a Google, o Facebook e a Amazon, no ocidente, e a Baidu, a Tencent e a Alibaba, no mundo oriental. A organização escreve que estas empresas "não se encontram apenas interligadas com as nossas vidas quotidianas, mas também com a economia global, o discurso cívico e a própria democracia". Num universo que se quer aberto, seguro e livre, a Mozilla teme que a dimensão destas marcas seja um obstáculo à concretização dos princípios sob os quais se fundaram a internet.
A isto junta-se o fenómeno das fake news. A autora do Firefox defende que o modelo de negócio que serve de base à monetização dos conteúdos que consumimos online, que passa maioritariamente pela publicidade, acaba por estimular a criação e disseminação de notícias falsas e/ou sensacionalistas, que atraiam o click dos utilizadores e rentabilizem, em consequência, a publicidade dos anunciantes. Com isto, como tem sido possível verificar ao longo dos últimos anos, não só a internet fica ameaçada, como a realidade pode ser altamente influenciada pela desinformação. Alguns dos exemplos sublinhados no relatório dizem respeito às eleições presidenciais norte-americanas de 2016, em que um grupo de adolescentes macedónios criou centenas de portais noticiosos que publicavam histórias falsas favoráveis a Donald Trump, de forma a gerar receitas com publicidade. "Quanto mais as pessoas clicam, mais os anunciantes pagam, e mais artigos são escritos", conclui.
O terceiro sintoma de uma internet doente é a falta de privacidade, ou, pelo menos, a falsa aparência de que esta pode ser facilmente assegurada perante uma sociedade altamente conectada. Com a massificação da Internet das Coisas, que vai trazer para dentro de nossas casas um manancial de novos aparelhos inteligentes, a Mozilla alerta para o crescente risco de ciberataque que este fenómeno representa. Neste caso, o perigo atenta diretamente à vida real dos utilizadores, que podem ter os seus aparelhos apropriados por um atacante com intenções de os espiar e, quem sabe, organizar um assalto físico a sua casa.
O facto de não existirem padrões de segurança internacionalmente acordados, certificações e garantias de atualização que assegurem um sistema protegido por vários anos, são os ingredientes para um desastre. A longo-prazo, a falta de conhecimento que algumas empresas do sector podem revelar na hora de construir sistemas seguros, pode beneficiar e alimentar a oligarquia vigente. "Empresas que vendem aparelhos de IoT mais baratos, sem os recursos ou o conhecimento de tecnológicas como a Google, a Apple ou a Amazon, vão encontrar mais dificuldades em atualizar os seus dispositivos", defende o relatório.
O relatório não tem por intento único demonstrar que os utilizadores estão em perigo, mas sobretudo que os valores que os pais da internet queriam transmitir com a sua criação, estão a ser deturpados. Para inverter a situação, sublinha a Mozilla, é importante garantir que a internet se mantenha um espaço de oportunidades e liberdade de expressão.
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