A Policia Judiciária (PJ), em articulação com a EUROPOL/European Cybercrime Center (EC3), revela que, nos meses de junho, outubro e novembro de 2023 foi realizada a nona edição da operação contra o branqueamento de capitais através da angariação de Mulas de Dinheiro (“Money Mule”), denominada EMMA 9 (European Money Mule Action).

Ao todo, a operação envolveu 26 países e teve como resultado a detenção de 1.013 indivíduos, a identificação de mais de 10.759 mulas de dinheiro e a tomada de medidas cautelares que permitiram evitar a perda de 32 milhões de euros.

De acordo com dados avançados pela PJ, durante o período em que a operação esteve ativa, foram identificadas em Portugal "425 pessoas que integram o conceito de mulas de dinheiro" e interrogadas 59 pessoas "como angariadoras de mulas de dinheiro".

A PJ avança que 93 pessoas foram interrogadas e constituídas arguidas e detetadas 590 contas bancárias para transações ilícitas. Ao todo, foram iniciadas 300 investigações, com a identificação de 377 vítimas de crime e a detenção de 8 suspeitos. O prejuízo patrimonial apurado é superior a 16,7 milhões de euros.

Em comunicado, a Europol detalha que a EMMA tem como objetivo lutar contra redes de mulas de dinheiro que beneficiam de diferentes tipos de criminalidade, incluindo fraudes online que têm como alvo instituições financeiras e os seus clientes, além de sensibilizar o público em geral para esta problemática.

Operação EMMA detém mais de mil mulas de dinheiro e evita perda de 32 milhões de euros
créditos: Europol

Dados avançados pela Europol mostram também como o panorama internacional do branqueamento de capitais está a evoluir. Por exemplo, verificou-se que migrantes vindos da Ucrânia, que se viram obrigados a sair do seu país devido à guerra contra a Rússia, são cada vez mais um alvo de criminosos, acabando por se tornar cúmplices involuntariamente.

Nestes casos, os criminosos exploram a vulnerabilidade e dificuldades económicas dos migrantes, coagindo-os a entrar em esquemas de lavagem de dinheiro e forçando-os a abrir contas bancárias para esses fins.

Os casos onde os criminosos de fazem passar por bancos também estão a aumentar. As vítimas, predominantemente pessoas idosas, são levadas a abrir novas contas e os atacantes costumam visitá-las pessoalmente para obter cópias de documentos de identidade ou para recolher assinaturas.

Outra tendência preocupante passa pelo uso de inteligência artificial para criar identidades falsas, o que dá os criminosos a possibilidade de contornarem medidas de segurança durante o processo de criação de contas online.

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Mas os idosos não são os únicos visados nos esquemas. Os jovens são outro alvo crescente para os criminosos, em esquemas que envolvem meios de pagamento eletrónicos, incluindo cartões-prenda. Os cartões são ativados no processo de compra de bens ou equipamentos eletrónicos. As mulas entregam estes produtos aos criminosos que, por sua vez, os colocam à venda em plataformas de e-commerce, recebendo uma percentagem das receitas, seja em dinheiro ou em bens.

A Europol realça que investigações têm revelado uma série de esquemas complexos de fraude online que estão a direcionar dinheiro para contas operadas por mulas. Nestas fraudes contam-se, por exemplo, esquemas de investimento, de comprometimento de emails empresariais (BEC), phishing em aplicações de mensagens e de transferências de criptomoedas.

Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização: 15h21)