A propagação de desinformação acerca da COVID-19 nas redes sociais tem vindo a marcar o atual contexto de pandemia. Depois de a Comissão Europeia ter dado a conhecer que identificou, em média, mais de 2.700 artigos sobre a COVID-19 que não correspondiam à realidade, o Fórum Económico Mundial (WEF na sigla em inglês) alerta para a necessidade de uma maior regulação do uso de bots nas plataformas digitais para travar a disseminação de informações falsas.
Citando um recente estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Carnegie Mellon, o WEF indica que há uma grande probabilidade de quase metade de todas as contas de Twitter que fazem publicações acerca da COVID-19 serem bots.
Os investigadores analisaram mais de 200 milhões de Tweets publicados desde janeiro deste ano acerca da pandemia . Cerca de 45% das publicações foram feitas por contas cujo comportamento se assemelhava mais a um software automatizado do que a um utilizador humano.
O WEF relembra que em julho de 2019 foi aprovada uma lei no estado da Califórnia que estabelece que o uso de bots para influenciar ou incentivar alguém a fazer algo é ilegal. Os especialistas da organização acreditam que, embora a legislação possa ser útil para travar o fenómeno da desinformação online, a sua atual estrutura apresenta lacunas que impedem um funcionamento eficaz.
Além de só ser aplicada no estado da Califórnia, a legislação não é clara quanto à prevenção do uso de bots para disseminar informações falsas. A lei é só aplicada a quem desenvolve o software automatizado e não determina um curso de ação em relação às plataformas digitais.
Para travar a utilização indevida da tecnologia e a propagação de informações falsas acerca da COVID-19 o WEF indica que é necessária uma abordagem que envolva Governos, empresas que estão por trás das plataformas digitais, criadores de bots e utilizadores.
À medida que cada vez mais pessoas procuram manter-se informadas acerca da pandemia, as gigantes tecnológicas têm vindo a tomar medidas para travar a disseminação de informação potencialmente falsa. Em março, a Microsoft, a Google, o Facebook, o Reddit, o Twitter, o YouTube e o LinkedIn juntaram-se numa iniciativa em torno da causa.
Um recente relatório da Comissão Europeia indica que desde o início do surto do novo coronavírus que o Twitter assistiu a um aumento de 45% da utilização do "Twitter Moments". O guia reúne conteúdos escolhidos pela plataforma e permite acompanhar dados verificados por fact-checkers acerca da pandemia.
O Facebook e o Instagram direcionaram mais de 2 mil milhões de pessoas para plataformas de autoridades de saúde, incluindo a Organização Mundial da Saúde. O YouTube também está a ajudar no combate à crise de saúde pública. A plataforma analisou mais de 100.000 vídeos com desinformação ou conteúdos enganosos, removendo mais de 15.000.
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