Um estudo revela que as webcams de equipamentos utilizados por crianças também estão na “mira” dos predadores online. Citando um relatório de 2022 da Internet Watch Foundation, os especialistas começam por explicar que desde 2019 que a quantidade de imagens de abusos sexuais criadas com recurso a webcams e dispositivos semelhantes tem vindo a aumentar significativamente.

Os investigadores, que partilham as conclusões do seu estudo no website The Conversation, criaram vários chatbots automatizados que se faziam passar por raparigas de 13 anos. Os chatbots foram usados como “isco” em múltiplas salas de chat que costumam ser frequentadas principalmente por crianças, além de outros utilizadores. Note-se que os chatbots foram programados para não iniciarem conversas, respondendo apenas a utilizadores com mais de 18 anos.

Quando um utilizador que se enquadrava nesta categoria iniciava uma conversa, um chatbot começava sempre por indicar a sua idade, sexo e localização. Ao todo, os investigadores registaram 953 conversas com utilizadores que se apresentavam como adultos.

Segundo o estudo, quase todas as conversas tinham contornos sexuais, com foco na utilização da webcam. Por um lado, alguns dos predadores indicavam claramente as suas intenções, estando dispostos a pagar às crianças por vídeos onde realizassem atos sexuais. Por outro, tentavam chantageá-las com a promessa de amor ou de uma relação futura.

Além disso, 39% das conversas tinham links não solicitados. Uma análise destes links permitiu verificar que 19% tinham malware, 5% redirecionavam para websites de phishing e 41% estavam associados à plataforma de vídeoconferência Whereby.

Os investigadores apontam que os predadores online recorrem a malware para comprometer os equipamentos utilizados pelas crianças de modo a ganharem acesso às suas webcams. Já os websites de phishing são frequentemente usados para recolher informação sobre as jovens vítimas, que podem depois dar acesso, por exemplo, à webcam do computador.

No que respeita à Whereby, os investigadores descobriram que as funcionalidades da plataforma estavam a ser exploradas pelos predadores online para gravar crianças sem o seu conhecimento. Tendo em conta a análise realizada, os especialistas acreditam que é possível que os criminosos estejam a recorrer à plataforma de videoconferência para controlar a webcam dos equipamentos usados por crianças, transmitindo o que está a ser registado em livestream para websites.

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Através de testes, os investigadores confirmaram que é possível explorar a plataforma deste modo. Para já, não foram encontradas provas de que outras plataformas mais populares possam ser exploradas através dos mesmos métodos.

Em resposta ao The Conversation, que questionou a Whearby, um porta-voz da empresa contestou a informação apresentada pelo estudo, indicando que os utilizadores não podem aceder à câmara ou microfone de outros sem receberem permissão, algo que é necessário fazer através das permissões do browser. De acordo com a empresa, essa mesma permissão pode ser revogada a qualquer momento.

Porém, os investigadores notam que, apesar de muitas crianças terem competências de navegação online e de utilização de equipamentos como computadores, smartphones ou tablets, muitas ainda não têm conhecimento de práticas na área de segurança e privacidade.

Está preocupado com o que os seus filhos estão a fazer online? Neste artigo, e na galeria que se segue, pode ver um conjunto de dicas úteis dicas para reforçar a segurança dos "miúdos e graúdos"  sobre os perigos da internet.

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