As metas europeias de descarbonização aproximam-se e, em muitos aspectos, ainda estamos no início do processo. Que papel pode ter a tecnologia na mudança para uma sociedade mais sustentável? Mais do que nunca, de destaque, defendeu-se no painel de discussão SUSTAINABILITY IN THE DIGITAL DISRUPTION ERA, do Congresso da APDC.
O 5G não é só mais um “G”, “é uma revolução e o potencial é enorme”, sublinhou Juan Olivera, que considera que a tecnologia pode ser catalisadora para o carbono neutro. Na opinião do CEO da Ericsson Portugal, o 5G vai contribuir para uma sociedade mais sustentável.
Sérgio Catalão, “par” da Nokia Portugal partilhou de ideia idêntica, considerando que a tecnologia vai ter um papel fundamental, nomeadamente o 5G, e que o setor das telecomunicações tem oportunidade única para resolver os problemas da sustentabilidade.
Do ponto de vista tecnológico, referiu que a Nokia está a tentar melhorar o seu footprint pela inovação constante, “nomeadamente em busca de novos processadores para os nossos equipamentos, quer sejam de rede fixa, quer sejam de rede móvel”.
No ano passado a Nokia lançou novas gerações de processadores que reduziam o consumo dos seus equipamentos entre 50 a 75%. “Isto é claramente um ativo importante para os nossos clientes”. O objetivo é ter as operações 100% em 2025 totalmente dependentes de energias renováveis, algo que hoje está nos 70%. “Estamos a fazer esse caminho, a trabalhar ativamente com os nossos parceiros para chegarmos aos nossos objetivos de redução de emissões”.
Sublinhando que a Galp está “comprometidíssima” com soluções de sustentabilidade, Ana Casaca, Global Head of Innovation, referiu o compromisso da empresa em realizar 50% dos novos investimentos até 2050 em baixo carbono.
Sobre a meta europeia de acabar com a venda de carros a combustão a partir de 2035, a responsável mencionou os chamados combustíveis sustentáveis quer para automóvel quer para a aviação, nos quais a Galp tem vindo a trabalhar, e que são produzidos a partir de matérias gordas, nomeadamente biomassa e resíduos sólidos.
Segundo Ana Casaca, são combustíveis que podem reduzir as emissões em 35%, mas que ainda estão longe de ser massificados. “Tudo isto é um caminho. São soluções que já estão em fase piloto, alguns em escala industrial, mas não é algo massificado”, referiu no painel.
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Fazer um shift demasiado rápido tornaria os combustíveis sustentáveis demasiado caros para aquilo que os consumidores possivelmente estariam dispostos a pagar para andarem de carro ou por uma viagem de avião, sublinhou. A transição tem de ser feita de uma forma equitativa e ética para que integre a sociedade como um todo e todos os países do mundo, defendeu.
“É preciso reduzir mais, aprender a consumir menos, aprender a produzir no nosso backyard”
Bruno Martinho sublinhou a mudança na forma como a sociedade, as empresas e o consumidor pensam e têm de pensar. O Managing Director da Accenture Strategy considera que a cadeia de abastecimento de uma empresa tem de ser vista de uma forma sustentável e responsável e isso também implica a empresa ser mais autónoma na forma como desenvolve as suas soluções tecnológicas, para ir ao encontro desses objetivos sustentáveis e não depender de outros para os conseguir atingir.
“A partir do momento em que dependemos de outros para conseguirmos atingir os nossos objetivos vamos ter um perfil de risco muito maior do que aquele que queremos”, referiu o responsável.
O SAPO TEK está a acompanhar o 32º Congresso da APDC e pode seguir todas as notícias através desta ligação.
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