Já passaram oito meses desde o início da crise pandémica de COVID-19 em Portugal e a GfK fez ontem o balanço do impacto no mercado de consumo, avaliando ainda as mudanças de hábitos e as tendências no retalho. A consultora partilhou dados relativos aos grandes e pequenos eletrodomésticos, mas também das telecomunicações, eletrónica de consumo e informática, e outros sectores, destacando o crescimento do online e notando que o conceito “casa” assumiu uma nova importância.
Considerada não essencial, a área de negócio das telecomunicações é uma das que mais sofreu com a pandemia, por não ser considerada essencial. Segundo a GfK, Portugal apresenta uma tendência semelhante à Europa com uma queda de vendas de 21,5% no período de março a maio de 2020 coincidente com o confinamento e mesmo no pós-confinamento, mas nos últimos meses há uma recuperação lenta. Os acessórios associados às telecomunicações lideram o crescimento, com destaque para os auscultadores com um crescimento de 34% e os wearables com 24%.
A consultora nota que os dados da eletrónica de consumo também estão em linha com a tendência europeia, apesar de este sector estar a reagir um pouco melhor face à Europa. De junho a setembro, assistiu-se a uma ligeira recuperação nesta categoria, sobretudo com o contributo dos equipamentos de entretenimento como televisões e colunas de som, que são os equipamentos com a performance mais positiva nesta categoria (3% e 2%, respetivamente). O mercado premium foi o que sofreu mais com a mudança de hábitos, com os televisores mais baratos entre os mais procurados.
O destaque vai para a categoria de informática, que está acima da média europeia. "Verificou-se um crescimento acentuado das Media Box e Media Stick e também do segmento gaming que permitia o entretenimento em casa", diz a GfK. Os computadores portáteis e todos os equipamentos associados ao teletrabalho e telescola, como as webcams os ratos ou as impressoras, tiveram um forte crescimento na altura do confinamento e no período de pós-confinamento.
Nos grandes e pequenos eletrodomésticos a tendência é mais positiva e alguns equipamentos tiveram mesmo um crescimento acima dos 100% logo nos meses de março e abril, como os congeladores. A GfK destaca que este está a ser um ano de grande crescimento para os produtos de preparação de alimentos em geral, com destaque para robots (62%), batedeiras (37%) e liquidificadoras em Portugal (28%) de janeiro a setembro de 2020". Aspiradores verticais ou frigoríficos de grande capacidade são também áreas de crescimento.
Compras online com crescimento abrupto e Black Friday em formato XL
"Durante o período de confinamento, de março a maio, o online foi rei", diz a GfK. Nos primeiros meses "verificou-se um abruto crescimento de vendas online", nomeadamente nos pequenos eletrodomésticos e depois do período de confinamento o online continuou a aumentar a sua importância, nomeadamente através dos canais de distribuição que conseguiram oferecer uma experiência omnicanal.
A consultora destaca ainda a importância das promoções e com a aproximação da Black Friday estima que os produtos para casa vão liderar as compras na Black Friday, uma vez que se preveem novas restrições para esse período. As novas medidas de confinamento podem levar os os consumidores a adiarem as suas compras para um outro momento mas existe também uma mudança no modelo de promoções, que em vez de estar limitado a um único dia deve ser alargado a mais dias ou semanas.
Em termos de tendências a GfK refere que o conceito “casa” assumiu uma nova importância e nota que as marcas tiveram de se adaptar mesmo na publicidade. "Existe uma janela de oportunidade para as empresas, uma vez que esta adaptação irá evoluir muito a curto prazo, com efeitos que se preveem duradouros", afirma.
A aceleração da transição digital, com investimentos e mudanças nos modelos de trabalho nos últimos meses que "equivalem a uma antecipação de 10 anos em termos de digitalização da economia" são uma das notas de destaque.
"Os efeitos no consumidor são evidentes, não só nas compras online em websites como no elevado crescimento de aplicações de compras e de delivery. Os canais não presenciais de serviço ao cliente passaram a ser preferenciais, exigindo uma rápida adaptação por parte das empresas de Contact Center", refere a empresa.
Os serviços de streaming, a adoção de novas tecnologias por parte da população sénior e a importância da literacia digital são igualmente abordados pela GfK que lembra que os próximos meses serão de grandes desafios e também de incerteza. "Compreender a evolução do comportamento do consumidor é essencial para que as marcas consigam acompanhar as mudanças, prever tendências e antecipar-se ao mercado", sublinha a consultora.
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