
O automóvel vive uma das maiores transformações da sua história. A eletrificação já não é apenas sinónimo de carros 100% elétricos. Em Portugal, dois em cada três novos ligeiros de passageiros matriculados nos primeiros oito meses de 2025 já pertencem à família dos “eletrificados”, seja em versões híbridas convencionais, híbridas plug-in ou elétricas puras.
Este crescimento, confirmado pela ACAP, Associação Automóvel de Portugal, demonstra que a transição energética no setor automóvel português está em pleno andamento. Mas quando falamos de híbridos, falamos de diferentes tipos de tecnologias, com propostas distintas e adequadas a perfis de utilização muito diferentes.
Quais são as vantagens das soluções híbridas?
As motorizações híbridas representam um ponto intermédio entre o tradicional motor a combustão e o futuro 100% elétrico. No geral, oferecem um conjunto de vantagens que as tornam uma escolha cada vez mais popular, como a maior eficiência e menor consumo de combustível, a redução das emissões, condução mais suave e silenciosa e as óbvias vantagens fiscais.
No primeiro ponto, o benefício é óbvio, ao utilizar um motor elétrico a auxiliar o motor de combustão nos momentos de maior exigência, como os arranques, podendo mesmo permitir a circulação 100% elétrica em ambientes urbanos a baixas velocidades. Isto permite não só reduzir significativamente os consumos, como as emissões de gases poluentes.
Na questão do conforto, podemos usar o exemplo das situações de pára-arranca, onde o recurso do motor elétrico quando circulamos a baixa velocidade, garante uma ausência de ruído do motor de combustão, tornando a viagem mais confortável.
Quanto às vantagens fiscais, estas são particularmente importantes para os modelos Plug-In, que beneficiam de fortes incentivos fiscais, como menores impostos de circulação e vantagens na dedução de despesas para empresas.
Mas a escolha de um modelo híbrido pode ser vantajosa também para quem esteja a considerar um modelo 100% elétrico, já que este não exige uma rede de carregamento robusta, e o tempo de reabastecimento é significativamente mais curto, especialmente caso pretenda realizar uma viagem longa. É, para alguns utilizadores, a solução ideal.
Quais foram os primeiros carros híbridos?
No final dos anos 90, o futuro da mobilidade começou a ganhar forma com um nome estranho: Prius. Este automóvel, de aspecto futurista para a época, foi o primeiro a misturar um motor a gasolina com um motor elétrico para garantir melhores consumos e emissões reduzidas. Só com o lançamento da segunda geração é que este modelo cruzou os oceanos para chegar às estradas de Portugal. Inicialmente visto com algum ceticismo, o Prius era um carro de nicho, um símbolo da eficiência, mas não propriamente um best-seller.

Com a chegada do final da década de 2000, a Toyota reforçou a sua aposta na tecnologia das motorizações híbridas, e aplicou a mesma a outros modelos da sua gama, como o Auris Híbrido, que fazia assim companhia à terceira geração do Prius. Ao usar um formato mais familiar e consensual, o Auris permitiu que as vendas desta motorização disparassem, sendo este seguido de modelos como o Yaris Híbrido, e o RAV4 Híbrido (atualmente disponível também em versão PHEV).
Outros fabricantes optaram por ir mais além, e apostar na tecnologia Plug-in Hybrid (PHEV), ou seja, usar um motor elétrico mais potente, e uma bateria de maior capacidade, que poderia ser carregada externamente, para garantir percursos maiores. A Mitsubishi acabou por ser o fabricante pioneiro, ao lançar o seu Outlander PHEV, um SUV que, graças às suas generosas dimensões, permitia alojar a bateria de maiores dimensões.
Mas se procurava algo diferente de um modelo familiar, a BMW tinha no seu i8 o expoente máximo da tecnologia PHEV, demonstrando como a eletrificação poderia ser usada em modelos de alto desempenho e de grande luxo.

Desde então, ambas as tecnologias foram evoluindo, tendo surgido uma solução mais acessível e facilmente aplicável nos modelos térmicos tradicionais, a tecnologia Mild Hybrid, entre outras soluções. Hoje podemos encontrar desde o inovador Nissan Qashqai e-Power, com o seu sistema que usa o motor a gasolina apenas para gerar eletricidade, até ao Mercedes-Benz C300e, que graças à sua bateria de 25.4 kWh, oferece uma autonomia elétrica que rivaliza com a de alguns modelos 100% elétricos.

Qual é a melhor solução de automóvel híbrido para si?
Comecemos pela tecnologia que deu o pontapé de saída da eletrificação dos motores de combustão, a tecnologia Full Hybrid (HEV). Este sistema, popularizado pela Toyota, é uma simbiose perfeita entre um motor a combustão e um motor elétrico. A sua grande particularidade é que a bateria, que é relativamente pequena, não necessita de ser ligada à tomada para carregar.
O carro encarrega-se desse processo sozinho, aproveitando a energia gerada durante as desacelerações e as travagens, um processo conhecido como travagem regenerativa. As vantagens são evidentes: uma eficiência de combustível notável, especialmente em cidade onde o carro pode circular em modo 100% elétrico a baixas velocidades, e uma condução extremamente suave e silenciosa. A desvantagem é que esta autonomia elétrica é muito limitada, sendo praticamente inexistente em autoestrada, onde o motor a gasolina é o principal motor.
Numa escala de eletrificação mais modesta, encontramos os Mild Hybrid (MHEV). Este é o sistema híbrido mais simples e, por isso, o mais acessível. Em vez de ter um motor elétrico capaz de mover o carro, o Mild Hybrid usa um pequeno motor-gerador, normalmente de 48 volts, que assiste o motor a combustão. Ele ajuda a dar um pequeno impulso no arranque ou na aceleração e alimenta os sistemas elétricos do carro, tornando o sistema Start/Stop mais suave e rápido a atuar.

As suas vantagens residem no baixo custo de aquisição e nos pequenos benefícios que oferece em termos de consumo e de emissões. A desvantagem, claro, é que não permite qualquer tipo de circulação em modo elétrico, e os ganhos de eficiência, embora existentes, são menores do que nos restantes sistemas híbridos.
A seguir, surge o sistema Plug-in Hybrid (PHEV), uma solução que combina a flexibilidade de um motor a combustão com uma bateria de maior capacidade, que tem de ser carregada externamente numa tomada. O grande trunfo desta tecnologia é a sua versatilidade, uma vez que um PHEV permite fazer a maioria das viagens diárias em modo puramente elétrico, com autonomias que podem ultrapassar os 100 km, resultando em zero emissões locais.

Para viagens mais longas, o motor a gasolina está lá para garantir que a autonomia nunca é um problema. A desvantagem é o seu preço de compra mais elevado e o facto de a eficiência do sistema depender do hábito de carregamento do condutor. Se a bateria não for carregada, o peso extra do sistema torna o carro menos eficiente do que um Full Hybrid, ou até mesmo que um modelo equivalente não eletrificado.
Por fim, temos a mais recente e intrigante das soluções: o Híbrido em Série, originalmente lançado pelo Opel Ampera em 2011, e recentemente popularizado pelo sistema e-Power da Nissan. Neste sistema, existe um motor a combustão, mas o mesmo tem como única função gerar energia elétrica que carrega a bateria e, por conseguinte, alimenta o motor elétrico, que é o único responsável pela tração do veículo.
As vantagens são notáveis, como a sensação de condução similar à de um carro 100% elétrico, com a resposta imediata e silêncio, mas sem a ansiedade da autonomia destes. A desvantagem é que, por não ter uma ligação direta, o motor a combustão tem de trabalhar mais em altas velocidades, o que pode tornar a solução menos eficiente em autoestrada em comparação com um PHEV.
Antes de tomar uma decisão é importante que olhe para estas vantagens e desvantagens para perceber qual o modelo que mais se adapta às suas necessidades, estilo de condução e também à carteira.
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