O Tribunal de Setúbal condenou a pena de prisão efetiva o cabecilha de um grupo que lucrou perto de 40.000 euros com a prática de burlas através do serviço de pagamentos MB Way. Esta é a primeira sentença do género em Portugal.

Condenado a quatro anos de prisão pelo crime de burla informática e burla simples, Fábio Farias, de 34 anos, liderou durante um ano um esquema de burlas. De acordo com a notícia avançada pelo Jornal de Notícias, mesmo depois depois de ser detido, por outros crimes, manteve a prática e enganou mais vítimas.

Para além de Fábio Farias, outros três arguidos, um homem e duas mulheres, foram condenados a penas de multa por facilitarem os seus contactos e contas bancárias para a prática dos crimes.

As vítimas eram vendedores de bens usados em plataformas de anúncios. Mas qual era o "esquema"? O burlão fazia-se passar por comprador e indicava que queria pagar por MB WAY. Depois dava indicações às vítimas, que desconheciam como funcionava o serviço da SIBS, para que inserissem na aplicação o número de telemóvel de um dos membros do grupo de burlões, quando deveria ser inserido o contacto do utilizador da aplicação. O grupo passava então a controlar as contas desses utilizadores.

Burlas no MB WAY: Prática cada vez mais frequente?

Já em 2019, a PSP alertava para o aumento de burlas no MB WAY. Enquanto em 2018 o número deste tipo de ocorrências no Sistema Estratégico de Informação da PSP não chegava aos 100, só até 31 de maio desse ano já tinham sido registadas 135.

Mais recentemente, e pelas contas do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, registaram-se 2.560 denúncias nos primeiros cinco meses de 2020, com os prejuízos a ultrapassarem os quatro milhões de euros. Nesse mesmo ano, e em junho, surgiu o relato de mais de uma centena de vendedores de produtos em marketplaces online que foram burlados por uma rede composta por 25 homens na app.

Mais de uma centena de vendedores burlados através de MB Way. Como se proteger de fraudes e esquemas?
Ver artigo

Atenta a estes números, a SIBS investiu, entretanto, em sistemas adicionais de segurança e testado soluções para mitigar novas ocorrências ou minimizar o impacto das situações ocorridas. Algumas delas passam por impedir a utilização de algumas funcionalidades em caixas Multibanco do serviço MB Way.

As medidas parecem ter tido sucesso, já que, de acordo com o Portal das Queixas, entre julho e agosto de 2020 não foram registadas nenhumas queixas relacionadas com burlas de MB Way. “Na análise da equipa do Portal da Queixa, o facto de não haver casos registados, relaciona-se com as medidas de alerta e de prevenção para burlas reforçadas pela marca”, referiu em comunicado, salientado a redução de 100% de reclamações relativas ao sistema de pagamentos.