O memorando interno desta segunda-feira surge depois de o Governo americano ter anunciado que vai alargar por outros 90 dias o período de suspensão às restrições impostas por Donald Trump a 21 de maio. Desta forma, a empresa chinesa continua a poder adquirir nos Estados Unidos os componentes que necessita para os seus equipamentos.
Apesar da aparente “acalmia” neste ambiente incerto, Ren Zhengfei pede à equipa que trabalhe de forma agressiva para atingir as metas de venda, enquanto a empresa entra em "modo de batalha" para sobreviver à crise. Também num registo claramente militar, o antigo engenheiro do Exército de Libertação do Povo já tinha falado noutro memorando interno recente numa necessidade de reestruturação da empresa.
Na altura, a notícia avançada pelo Bloomerg anunciava que o CEO da Huawei afirmou que para enfrentar os EUA a empresa tinha de criar um “exército de ferro” e, apesar de não especificar em concreto de que forma isso iria acontecer, já se previa que as organizações consideradas desnecessárias ou redundantes iriam ser removidas.
Agora, a notícia avançada pela Reuters esclarece a decisão de atuação do CEO da fabricante chinesa. Considerando que "a empresa está a enfrentar um momento de vida ou morte", Ren Zhengfei assume que em 2019 a Huawei vai investir mais em equipamentos para garantir a continuidade do fornecimento.
No que diz respeito aos recursos humanos, o CEO da fabricante chinesa garante que funções redundantes serão eliminadas e gerentes ineficientes despromovidos.
A estratégia para garantir bons resultados financeiros
No primeiro semestre de 2019 a Huawei registou um crescimento de faturação de 23,2% face ao mesmo período de 2018, com 401,3 mil milhões de yuan de receitas e uma margem operativa de 8,7%. Na área de consumo a empresa vendeu 118 milhões de unidades de smartphones, num crescimento de 24% que inclui a marca Honor, e nos computadores, tablets e wearables é referido também um crescimento rápido.
E no memorando interno, Ren Zhengfei comenta estes resultados, sugerindo que até “parecem bons”, mas não representam a “situação real” da empresa. Ainda assim, expressou confiança nos resultados para todo o ano de 2019, defendendo que é necessário "investir e resolver o problema de continuidade de produção", aumentando a aposta nos equipamentos de produção, por exemplo.
De acordo com o documento, a Huawei, que emprega cerca de 190 mil pessoas em todo o mundo, está a reformar a sua operação a nível global, concedendo mais importância à linha de frente, eliminando as camadas de relatórios e cargos ineficientes.
Por isso, à semelhança do que já tinha referido no anterior memorando, Ren considera que dentro de três a cinco anos a Huawei vai apresentar-se com “sangue novo”. Um novo exército vai nascer, depois de sobreviver ao momento mais crítico da história da empresa, considera. E para fazer o quê? “Dominar o mundo”.
No documento, o CEO da Huawei pede aos colaboradores que fizessem o melhor possível para atingir a meta de vendas anunciadas no início do ano, que seria aumentar dos 100 mil milhões de 2018 para 125 este ano.
Esta “guerra” entre os Estados Unidos e a Huawei começou em maio, quando Donald Trump colocou a fabricante chinesa numa lista negra. Na prática, esta decisão proibia a Huawei de comprar produtos aos EUA, apesar dos recuos do Governo americano, nomeadamente através de suspensões e licenças especiais.
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