A Hewlett-Packard continua em negociações com a Comissão Europeia sobre a sua proposta de aquisição da Compaq, mas por enquanto ainda não foi alcançada nenhuma decisão final, informou a Reuters, citando fontes próximas de ambas as partes.



O orgão executivo da União Europeia tem até ao dia 31 de Janeiro para aprovar o negócio ou decidir submetê-lo a uma investigação profunda que irá demorar pelo menos quatro meses.



Durante o primeiro mês de investigação, é habitual em situações de fusões e aquisições uma empresa e a Comissão concordarem que descobriram num acordo deste tipo um problema que poderá afectar a concorrência de outras empresas. Nestes casos, a companhia que está à frente do negócio oferece uma determinada quantia como reparação pelo prejuízo causado.



Mas o acordo entre a HP e a Compaq não enfrenta apenas a suspeita jurídica, dado que o resultado da votação dos accionistas da Hewlett-Packard a realizar em Março sobre o que seria a maior fusão de empresas na história do computador pessoal é bastante incerto.



Carly Fiorina, directora executiva da companhia, tem travado uma dura batalha para fazer com que o negócio anunciado no dia 4 de Setembro seja aprovado, depois de os descendentes das famílias Hewlett e Packard - os dois fundadores da empresa - terem afirmado em Dezembro que tencionam votar contra o acordo.



Na quarta-feira, dia 23, essa batalha entre a direcção e os membros da família dos fundadores intensificou-se, quando David Packard comprou um anúncio de página inteira no jornal financeiro norte-americano Wall Street Journal em que afirmou que a HP estava a dar um uso incorrecto às palavras do seu pai.



Mais precisamente, Packard dirigia-se a Carly Fiorina, acusando-a de se apropriar erradamente das palavras do seu pai - "to remain static is to lose ground", permanecer parado é o mesmo que perder terreno - numa nova campanha publicitária da companhia.



Packard, que controla 1,3 por cento da HP através do Packard Humanities Institute, falou pela última vez em público sobre a fusão em Dezembro, respondendo a uma campanha publicitária da HP que argumentava que ele e outros elementos da família dos fundadores não se opunham à mudança.



Walter Hewlett, o filho do outro fundador da empresa, também renovou o seu ataque ao negócio, publicando um novo relatório contestando previsões financeiras divulgadas pela HP. Hewlett argumentou que a criação de um gigante da informática pessoal irá diluir os lucros do negócio de impressão da companhia. A HP e a Compaq afirmam que a fusão irá permitir-lhes criar uma empresa ao nível de competir com a fabricante de computadores IBM.



O descendente da família Hewlett contesta no novo relatório a afirmação da HP de que a fusão iria fazer aumentar o valor do seu título bolsista em 5 a 9 dólares por acção. Na sua opinião, 10 por cento das receitas totais iriam perder-se com a fusão, em vez dos 5 por cento que a empresa prevê, e que o efeito das vendas perdidas iria afectar mais os lucros do que a HP sugere.



O accionista, que detém mais de cinco por cento na companhia e que está a liderar uma iniciativa para convencer os investidores institucionais e retalhistas a rejeitarem a fusão, acusa ainda a HP de não contabilizar apropriadamente os custos de integração.



A Fundação David e Lucile Packard, que detém mais de 10 por cento de acções, afirmou que tenciona votar contra o negócio, criando assim um bloco de oposição que já reúne 18 por cento do capital da empresa.


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