A confirmação foi enviada por email a alguns meios de comunicação internacionais e adianta que o vai começar a emitir as licenças a algumas das empresas que as solicitaram para continuarem a fazer negócios com a Huawei. As últimas notícias davam conta de que havia mais de 200 pedidos de licenças que estavam "congelados" no Departamento de Comércio, que não estava a conceder nenhuma das autorizações.
Ainda esta semana os Estados Unidos confirmaram que vão adiar em mais 90 dias o bloqueio comercial à Huawei, mas que a empresa não sai da lista negra, a "Entity List" em que foi colocada a 22 de maio de 2019 por receios de segurança nacional. É a terceira extensão do bloqueio e destina-se a permitir que as empresas que mantêm negociações comerciais com a tecnológica chinesa façam uma transição suave.
No caso das licenças, que permitem continuar a negociar com a Huawei mesmo quando o bloqueio entrar efetivamente em vigor, vão ser atribuidas apenas em casos que "não coloquem um risco significativo para a segurança nacional ou interesses de política externa dos Estados Unidos", refere a informação do Departamento de Comércio. A avaliação das licenças a atribuir vai ser feita em colaboração entre várias agências, envolvendo o Departamento de Defesa, Departamento de Estado e Departamento de Energia.
Impacto de negócio numa "guerra" que já vai longa
O bloqueio comercial à tecnológica chinesa tem sido alvo de vários sinais contraditórios. Depois de ter sido considerada suspeita de espionagem através da instalação de backdoors nos seus produtos, algo que nunca foi provado, a Huawei foi colocada na lista negra dos EUA em maio, e desde então está impedida de fazer negócios com as empresas norte americanas, o que tem resultado em impactos significativos na sua atividade, sobretudo em relação ao lançamento de novos smartphones, que dependem do sistema operativo Android. Em setembro a Huawei anunciou o novo Mate 30, com uma versão básica do Android mas sem acesso aos serviços Google Mobile Services, que começou agora a ser comercializado em alguns países na Europa.
Várias tecnológicas norte americanas terão pedido à Administração Trump para levantar o bloqueio comercial para continuarem a vender produtos e serviços à Huawei, e várias referiram mesmo o impacto negativo que este bloqueio teria na sua atividade.
A Huawei tem vindo a partilhar dados, mostrando que a nível e hardware e produção de chips é independente e que o mercado norte americano já estava fora das suas contas na área dos smartphones, mas que ainda era importante na infraestrutura de rede.
Plano B para o sistema operativo dos smartphones?
A Huawei tem vindo a trabalhar num plano B para colmatar a possibilidade do bloqueio se tornar efetivo, mas sempre de forma diplomática e admitindo que na área dos sistemas operativos o Android da Google será sempre a primeira opção. A empresa desenvolveu o sistema operativo HarmonyOS mas o ecossistemas de aplicações é a principal preocupação, apesar do forte investimento que a companhia está a colocar no apoio a programadores para desenvolverem as suas apps para esta plataforma.
De resto, e em termos de impacto comercial, a Huawei tem mostrado um crescimento sólido de receitas, com uma subida de 24,4% nos primeiros nove meses do ano. Ainda na semana passada a empresa comunicou que vai duplicar o salário dos seus colaboradores e oferecer um prémio a quem ajudar a desenvolver tecnologia alternativa a componentes norte americanos.
Nos smartphones a empresa continua a crescer e a aproximar-se da Samsung, mas sofreu perdas fortes nas Europa, sendo que Portugal foi também afetado pela falta de confiança dos consumidores. "O bloqueio que os Estados Unidos colocaram à Huawei está a começar a expôr a gravidade da situação em que a empresa se encontra no segmento de smartphones", explicou Francisco Jerónimo, vice presidente de equipamentos da IDC EMEA. Mesmo assim, o analista diz que "a queda foi menor que o previsto, uma vez que, durante o verão houve um esforço grande por parte dos retalhistas e operadores em escoar as unidades em stock".
Segundo o Wall Street Journal, a Federal Communications Commission (FCC) estará a preparar-se para votar uma proposta que coloque a Huawei e a ZTE como ameaças à segurança nacional, impedindo a venda de infraestruturas de comunicações nos Estados Unidos e obrigando mesmo à substituição de todo o equipamento das duas empresas que está a ser usado por operadoras norte americanas.
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