A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) processou o serviço online de encontros Match por alegadamente utilizar anúncios de e-mail de “interesse amoroso falso” para levar centenas de milhares de clientes a pagarem pelas subscrições do site do Grupo Match e detentor de marcas como o Tinder até maio de 2018. A empresa já veio reagir e fala em "acusações sem fundamento".

Num documento divulgado esta quarta-feira a FTC esclarece que acredita que a empresa expôs os consumidores a um risco de fraude, envolvendo-se também em "práticas alegadamente duvidosas e injustas". Para exemplificar, a agência americana alega que o Match ofereceu falsas promessas de garantias, não prestou os serviços adequados aos clientes que contestaram várias cobranças da empresa sem sucesso e dificultou o cancelamento das suas subscrições.

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"Acreditamos que o Match levou pessoas a pagarem por subscrições através de mensagens que a empresa sabia serem fraudulentas". A citação é do diretor do departamento de proteção do consumidor da FTC, que considera que os serviços de namoro online não devem usar falsos perfis como uma forma de aumentar as suas receitas.

Mas de que forma funciona o Match? O serviço permite que os utilizadores criem perfis grátis, mas para responderem a mensagem têm de fazer uma subscrição. E de acordo com a FTC o Match enviou emails a consumidores que não pagavam pelo serviço a informar que alguém teria manifestado interesse nesse utilizador, quando isso não correspondia à realidade e a empresa sabia disso. Para além disso, quando estes clientes recebiam gostos, emails e mensagens instantâneas no serviço também recebiam anúncios da empresa a incentivá-los a subscreverem o serviço para exibirem a identidade do remetente e o conteúdo da mensagem.

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Estas estratégias parecem ter funcionado, já de que de acordo com a FTC "muitos consumidores subscreveram o serviço graças a estes anúncios falsos, na esperança de encontrar o tal". Mas, em vez disso, os utilizadores deparavam-se frequentemente com um perfil que queria extorquir dinheiro ou com o contacto indisponível, quando o Match eliminava o perfil. De acordo com a FTC entre junho de 2016 e maio de 2018, por exemplo, a própria análise do grupo constatou que os clientes fizeram 499.691 subscrições dentro de 24 horas depois dos anúncios falsos.

Entretanto o Match Group já veio dizer que estas acusações não têm qualquer tipo de fundamento, explicando que consegue lidar com 85% das contas potencialmente impróprias nas primeiras quatro horas, num sistema que considera ser "um dos melhores a nível tecnológico". Admitindo como objetivo prioritário a eliminação de situações fraudulentas da plataforma, a empresa fala numa descontextualização dos dados pela FTC, dizendo que desde de 2013 menos de 1% dos emails aos utilizadores foram considerados fraudulentos pela empresa.

Neste sentido, o Grupo fala em várias estratégias que o site partilha com os utilizadores de forma a não serem enganados por perfis falsos que querem extorquir dinheiro aos utilizadores. Uma das formas de o fazer é, por exemplo, deixando claro que não aconselham a partilha de informações de dados financeiros, num sistema que garante "combater cada vez melhor bots e perfis falsos com más intenções".