A tensão entre os Estados Unidos e a China no campo das relações comerciais foram um dos aspetos que marcaram os quatro anos do governo de Donald Trump, que, mesmo no seu ultimo ano de mandato, continuou a manter bem acesa a “guerra” à tecnológica chinesa. Agora, com Joe Biden aos comandos do país, a postura em relação à presença de fabricantes como a Huawei nas redes de telecomunicações do país vai manter-se.

Durante uma recente conferência de imprensa da Casa Branca, a Administração Biden deu a conhecer que se compromete a salvaguardar as redes norte-americanas de empresas que representam uma ameaça à segurança nacional, avança a Reuters.

“Os equipamentos de telecomunicações fabricados por empresas que não inspiram confiança, incluindo a Huawei, são uma ameaça à segurança dos Estados Unidos e dos nossos aliados”, sublinhou Jen Psaki, secretária de imprensa da Casa Branca.

“Vamos assegurar que as redes de telecomunicações norte-americanas não recorrem a equipamentos das fabricantes em questão”, enfatizou, acrescentando que o governo de Joe Biden se compromete a trabalhar em colaboração com os seus aliados de modo a que estes protejam as suas redes e façam investimentos em empresas de confiança.

A Huawei encontra-se tanto na “lista negra” do Departamento do Comércio dos Estados Unidos, impedindo-a de fazer negócios com empresas norte-americanas ou que usem tecnologia produzida no país, como na do Departamento de Defesa de organizações que têm ligações ao exército chinês.

FCC declara oficialmente que Huawei e ZTE são ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos
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Além disso, a fabricante já tinha sido declarada pela Federal Communications Commission (FCC) como uma ameaça à segurança nacional, uma decisão que implica que qualquer empresa de telecomunicações norte-americana não pode recorrer aos 8,3 mil milhões de dólares do Universal Service Fund (USF) para comprar equipamento da Huawei.

Recorde-se que, durante a edição de 2021 da CES, Brian Deese, diretor do National Economic Council (NEC), tinha reiterado posição já defendida por Joe Biden no toca às relações comerciais entre Washington e Pequim, onde o presidente afirmou que não realizaria qualquer novo acordo até ter feito sérios investimentos no país.

No entanto, parece não existir um total consenso em relação à forma como o novo governo vai lidar com a questão da Huawei. Apesar do compromisso para manter as redes de telecomunicações salvaguardadas, Gina Raimondo, que foi nomeada por Joe Biden para liderar o Departamento do Comércio, tinha se posicionado contra a decisão de manter a fabricante na “lista negra” de organizações proibidas de fazer negócios com os Estados Unidos, pedindo uma revisão da mesma.

Por outro lado, o congressista republicano Michael McCaul, afirmou no Senado que a decisão de tornar Gina Raimondo como nova responsável pelo Departamento do Comércio não deve ser levada avante sem que a Administração Biden se manifeste concretamente em relação à Huawei.

De acordo com o congressista, é necessário que o Departamento seja liderado por alguém com um claro entendimento da “ameaça que China representa”. Para já, o Comité do Comércio do Senado vai decidir se Gina Raimondo é nomeada, ou não, no próximo dia 3 de fevereiro.