Tal como aconteceu noutras “revoluções”, a nova era tecnológica que tem a inteligência artificial como protagonista está a desencadear uma onda de transformação, que vai obrigar a mudar formas de organização e de estruturação, assim como a maneira de trabalhar, nomeadamente nos perfis de competências que vão ser necessários.
Durante a sessão “The Driving Forces of Tomorrow's Businesses: Technology, Sustainability and People”, do Portugal Digital Summit 2024, apontaram-se benefícios comparáveis a “superpoderes”, por Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, que embora a máxima seja a de automatizar mais, é importante “nunca perder o toque humano”, defendeu Rogério Campos Henriques, Presidente Executivo, Grupo Fidelidade, e que a centralidade da inovação deve estar “a meio caminho”, segundo João Pedro Oliveira e Costa, CEO do Banco BPI.
Podemos olhar para a Altice como uma empresa de tecnologia, “mas a Altice é fundamentalmente uma empresa de serviços”, sublinhou Ana Figueiredo, “prestamos serviços e disponibilizamos conectividade através da tecnologia para servir os nossos clientes”.
Com a evolução tecnológica crescente e com a adoção da inteligência artificial, a responsável acredita que a nova geração tecnológica vai alterar, como outras o fizeram, a forma como nos organizamos, como trabalhamos e até os perfis de competências que vão ser necessários.
Ana Figueiredo considera que vai igualmente trazer aos humanos superpoderes. “Se a revolução industrial trouxe a possibilidade de as máquinas poderem fazer tarefas ao nível das capacidades físicas e a computação nos deu a capacidade de processar informação a grande velocidade a IA vai-nos dar o superpoder de acelerar, automatizar e até aumentar a produtividade”.
Até chegarmos lá, é preciso fazer o momento de transição, “que passa pela transformação e pela adoção de um novo ciclo”.
A Altice já está a aplicar tecnologia de IA no apoio ao cliente, com, por exemplo, cerca de 40% das chamadas atendidas no MEO são tratadas por chatbots ou têm IA integrada. A monitorização, trouble shooting, antecipação e atuação na disponibilidade da rede é outra área.
Apresentando a Fidelidade como uma empresa “itech” e “itouch”, Rogério Campos Henriques afirmou que o propósito da empresa que gere é “proteger as pessoas hoje e ajudar a preparar o futuro de amanhã” e isso passa por assegurar que a tecnologia tem o poder transformador dos negócios, mas garantindo que tudo o que a Fidelidade faz é “all about people”.
Acima de tudo, tem de se conseguir um equilíbrio para não desumanizar a relação com os clientes, numa altura em que há “um certo fascínio por automatizar tudo”
“Temos de ter capacidade para saber quando é que faz sentido automatizar e quando é que faz sentido termos um toque humano. Automatizar mais, mas nunca perder o toque humano”, sublinhou Rogério Campos Henriques.
A Banca sempre foi pioneira em muitas áreas de inovação e na inteligência artificial “também aparece na primeira linha”, considera João Pedro Oliveira e Costa, e por várias razões.
O CEO do Banco BPI apontou o “conjunto enorme de dados”, a concorrência das fintech e as exigências colocadas ao nível da regulação, acrescentando por último o tema da cibersegurança, que obrigaram a banca a fazer “um investimento brutal”.
Deixou ainda um alerta sobre os danos colaterais e sobre onde colocar a centralidade da inovação, que não está nem nas empresas nem nos clientes, “está a meio caminho”.
Talento precisa-se e “calha” a todas as gerações
A ideia de que a “revolução” em curso obrigar à criação de novos perfis e novas qualificações foi ponto assente entre os três participantes do painel do Portugal Digital Summit.
Veja na galeria imagens do Portugal Digital Summit 2024
Na questão da formação e da requalificação do talento, João Pedro Oliveira e Costa não tem dúvidas: “primeiro a pessoa tem de querer: estar comprometido e ter vontade de ir mais além.
“É possível atrair e reter talento em Portugal, mas tem e ser um desígnio de todos e dos próprios”, disse João Pedro Oliveira e Costa.
Para o CEO do Grupo BPI, a questão também está nas empresas serem atrativas, com funções suficientemente desafiadores. “Contratar alguém para fazer o mesmo que o outro faz da mesma forma não vale a pena. Há que reinventar a maneira como gerimos”.
Além das mudanças ao nível das chefias atuarem, “porque não faz sentido liderar da mesma forma como se liderava há 20 anos”, e do salário atrativo, “para que as pessoas possam ter uma vida digna”, João Pedro Oliveira e Costa acha que as empresas também devem adotar uma componente social, “um propósito que, inclusive, pode ser transcendente à organização”. Também é preciso colaboração entre as empresas para manter as pessoas.
Com falta de talento “novo” e com o problema demográfico que Portugal (e a Europa no geral) tem pela frente aproveitar o talento dentro de casa é algo incontornável, defendeu Rogério Campos Henriques. “Temos de apostar a sério nas nossas pessoas e prepara-las para o futuro que aí vem. Temos de investir no talento jovem, mas também no talento menos jovem”.
Ana Figueiredo concorda que precisamos de todas as gerações, embora haja todo um caminho a percorrer que tem de ser das empresas, envolvendo todos os cargos de gestão, mas também é muito importante o compromisso das pessoas e a componente governamental “para implementar medidas que possam suprir estes gaps”.
Acompanhe a transmissão dos vários palcos do Portugal Digital Summit em direto nos dias 23 e 24 de outubro de 2024.
Pode ver a agenda completa do evento no site do Portugal Digital Summit.
O SAPO TEK vai acompanhar os dois dias do Portugal Digital Summit’24, a partir do Técnico Innovation Center. Siga todas as notícias aqui, assim como a transmissão em direto do evento.
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