Além de publicar os números referentes à distribuição dos smartphones em Portugal, a IDC também publicou os números referentes ao mercado de computadores e infelizmente o cenário não é mais positivo. Depois de uma grande procura durante a pandemia, sobretudo pelas necessidades do teletrabalho e ensino em casa, o mercado dos computadores deu um trambolhão ainda maior, registando uma quebra de 42,2% face a 2021. Ou seja, foram colocados nas lojas 155,7 mil computadores.
A Lenovo mantém a liderança, mas as margens que separam as fabricantes do TOP 3 são cada vez mais pequenas, com diferenças de dois pontos percentuais, juntamente com a Asus e a HP. A fabricante chinesa distribuiu 34,3 unidades no mercado português e detém 22% da quota do mercado, mas no terceiro trimestre de 2022 registou uma quebra de 27,9%. A Asus surge em segundo, com uma quota de 19,5% e 30,4 mil unidades distribuídas, tendo registado um período positivo de crescimento de 13,8%.
No Top 5 das maiores fabricantes de computadores em Portugal, a HP também registou uma quebra, ainda maior que a Lenovo, de 49,8%. Distribuiu 26,4 mil unidades e assegurou uma quota de 17%. A Dell e a Apple preenchem o quarto e quinto lugar na tabela, com crescimento positivo. A Dell cresceu 34%, tendo distribuído 15,5 mil unidades (quota de 10%) e a Apple viu subir os pedidos em 28%, para 13,8 mil unidades, tendo agora uma fatia de 8,9%.
No entanto, com uma quota somada de 22,7% surgem outras marcas não listadas, responsáveis por 35,3 mil unidades distribuídas. E neste caso, as suas quebras de 70,6% no geral contribuíram para o segmento ter recuado no trimestre 42,2%.
No que diz respeito às quebras dos computadores, há dois fatores a considerar, segundo o analista da IDC, Francisco Jerónimo: O primeiro com o seu crescimento muito forte durante a pandemia e mesmo depois da mesma. “O mercado cresceu sempre até ao final do ano passado. Nesse último trimestre cresceu 100%. Por isso já era mais que esperado que o mercado teria de cair substancialmente”, explica.
As pessoas não trocam de computador com a mesma frequência com que trocam de telemóvel. E mesmo as empresas não trocam de PCs enquanto não os amortizarem, o que pode acontecer em quatro ou cinco anos. “Qualquer empresa que tenha renovado os seus PCs nos últimos dois ou três anos não vai estar a comprar agora novas máquinas”. Nesse sentido, a consultora já esperava que estas quedas começassem a sentir-se.
Também é explicado que muitas fabricantes fazem a gestão de stocks, como a Lenovo que no segundo trimestre cresceu muito, mas que opera de forma cíclica. Tem um trimestre forte na distribuição, mas se não vender, no seguinte vai tentar escoar o stock e por isso nesse trimestre vai ter uma quebra, por não fabricar ou não encomendar computadores às suas fábricas. A HP tenta gerir o seu negócio de forma menos cíclica, mas sofreu com a diminuição abrupta da procura, quer a nível empresarial, quer pessoal.
Em conclusão, Francisco Jerónimo diz que existem muitos produtos em stock e por isso, espera um quarto trimestre igualmente de quebra para o sector. “2022 vai ser um péssimo ano no segmento dos computadores, depois de ter sido um excelente mercado em 2021 e 2020”.
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