A Bitcoin continua a bater recordes de valorização e nos últimos anos tornou-se um investimento atrativo para pessoas e investidores institucionais em todo o mundo. Uma das formas de investir na moeda digital é minerá-la e o número de locais que um pouco por todo o mundo o fazem tem crescido.
Um estudo divulgado pelo The New York Times avalia o impacto deste ecossistema distribuído, que direciona capacidade de computação para assegurar os processos que validam as transações realizadas com a moeda e que permitem criar novos bitcoins. Um trabalho que é pago em bitcoins.
Segundo estes dados a mineração de bitcoins está a consumir 91 terawatt-hora de eletricidade anualmente. Mesmo que não se tenha a noção do que é um terawatt percebe-se que a quantidade é grande, mas são estabelecidas algumas comparações que tornam essa perceção ainda mais realista.
Basicamente, a quantidade de eletricidade gasta anualmente para alimentar o ecossistema de mineração de bitcoins é superior à quantidade necessária para abastecer a Finlândia no mesmo período de tempo, um país com 5,5 milhões de habitantes.
Trata-se também de uma quantidade de energia superior à necessária para fazer funcionar todas as operações da Google a nível global, ou para abastecer o estado de Washington todos os anos, apontam estes dados.
Nos últimos cinco anos a energia elétrica usada para minerar bitcoins multiplicou-se por cinco e passou a representar 0,5% da eletricidade consumida a nível mundial num ano, um crescimento que já era apontado no início do ano por uma pesquisa da Universidade de Cambridge.
Neste estudo anterior, aliás, as conclusões eram ainda mais alarmantes, com uma estimativa de 121,36 terawatts de eletricidade supostamente gastos a cada hora com a mineração de moedas digitais. Também neste estudo foram feitas comparações entre a energia consumida com a mineração de bitcoins e pelos países. Conclusão: se a mineração de bitcoins fosse um país, era o 30º mais exigente a nível global no consumo de eletricidade.
Na informação agora apresentada pelo The New York Times também se explica que, tal como a dimensão da Bitcoin enquanto mercado, também os requisitos para minerar a moeda digital aumentaram muito ao longo dos anos. Longe vão os tempos em que era possível fazê-lo a partir do computador de casa. Hoje seriam necessários 13 anos para minerar um único bitcoin a partir do PC de casa.
Em vez disso, máquinas com características apropriadas e servidores que muitas vezes estão alojados em centros de dados improvisados nas chamadas farms de bitcoins funcionam sem parar, chegando a abalar a capacidade elétrica de um país inteiro. Já houve notícias a dar conta disso na Venezuela. No mês passado, alguns meios reportaram que várias falhas de energia no Irão foram também uma consequência da capacidade de mineração de bitcoins instalada no país.
Estas farms operam lado-a-lado com empresas legais e localizadas em espaços identificados e licenciados, mas nem por isso menos polémicos por causa do impacto ambiental, como a fábrica americana do Estado de Nova Iorque que conseguiu transformar um lago glacial numa espécie de jacuzzi, pelo impacto da atividade das oito mil máquinas instaladas para fazer mineração. Planos para o futuro? aumentar a capacidade.
Entretanto, e com a ascensão dos critérios ESG (ambientais, sociais e de governance) a fator cada vez mais importante de seleção de investimentos, o tema começa a ser visto com preocupação e pode acabar por ditar algumas decisões de peso. Bill Gates é uma das vozes que já se fez ouvir para falar no impacto negativo da proliferação da Bitcoin para o ambiente.
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