A escassez de talento e das competências certas para responder às necessidades de recursos que as empresas têm é mundial, mas Portugal é um dos países do mundo mais afetado pelo problema. O estudo Talent Shortage Survey 2023, do ManpowerGroup, revela que Portugal é o 4º país a nível global, onde as empresas têm mais dificuldade em contratar. Em alguns sectores a situação é mais grave, como nas Tecnologias da Informação, onde 87% dos inquiridos reporta dificuldades em preencher vagas de emprego.

Acima das TIC, só os sectores da Energia e Utilities e a Indústria Pesada e de Materiais encontram maiores dificuldades em recrutar, como admitiram 89% dos inquiridos pela Manpower. Abaixo das TIC neste ranking surgem os Bens e Serviços de Consumo, onde se integra o Retalho, Distribuição, Hotelaria, e logo a seguir o sector dos Transportes, Logística e Automoção. Em ambos estes grupos o relato de dificuldades para contratar faz-se pela voz de 86% dos inquiridos.

Em termos gerais, a pesquisa mostra que 62% dos empregadores portugueses têm alguma dificuldade em encontrar candidatos com as competências desejadas, enquanto 22% assumem que têm muita dificuldade nessa tarefa. Só 12% referem que não têm problemas em encontrar no mercado os recursos que precisam e em contratá-los. Contas feitas, o estudo apura que a escassez de talento tem um impacto de 84%, quase ao mesmo nível do verificado na edição do ano passado da pesquisa, quando o problema era uma realidade para 85% dos empregadores.

Por regiões do país, é no Norte que se verificam as maiores dificuldades no acesso ao talento, como reportam quase 90% das empresas. Na região Centro e de Lisboa as dificuldades em recrutar afetam 83% das empresas.

Portugal fica assim acima da média global (77%), sendo apenas ultrapassado por Taiwan (90%), Alemanha (86%) e Hong Kong (85%) na dificuldade em recrutar, como mostra o estudo feito em 41 países e territórios a mais de 38 mil empregadores.

As competências mais procuradas por quem não as encontra, identificadas por 30% dos empregadores em diferentes sectores, estão relacionadas com TI e Data, “tendência que já se registava em 2022, mas que agora cresce 4 pontos percentuais”, explica a Manpower.

“Os primeiros meses do ano permitiram à economia nacional manter-se em terreno positivo e observamos hoje um maior dinamismo nas perspetivas de contratação para o próximo trimestre, sublinha Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal, apontando para uma Projeção a Criação Líquida de Emprego de 16%.

“Apesar deste maior otimismo, a escassez de talento mantém-se em níveis máximos históricos, com os empregadores nacionais a reportar muita dificuldade nos seus esforços de contratação”, acrescenta o responsável, notando que isto resulta, sobretudo, do atual desencontro entre o perfil de competências disponíveis no mercado e as necessidades de talento das empresas.