Os números são da Salesforce, que acaba de partilhar o Shopping Index Report com dados relativos ao terceiro trimestre do ano e previsões para a época alta, que começa já a 1 de novembro e se estende até ao final do ano de 2021. A subida de preços, a inflação e também alguns entraves nas entregas estão a afetar o crescimento das compras online e podem refletir-se igualmente em atrasos nas entregas das encomendas.
Apesar do crescimento das compras globais online de 11%, que recuperaram face aos 2% registados no segundo trimestre, os dados recolhidos na Cloud de ecommerce da Salesforce, e em inquéritos junto dos retalhistas, indicam que a inflação está a afetar o retalho e os consumidores estão a pagar mais 12% pelos mesmos produtos que compraram no ano passado. Isso teve um impacto imediato, com a descida de 2% no número de encomendas feitas online.
Rob Garf, vice presidente e diretor geral de retalho da Salesforce, adiantou numa conferência com um grupo restrito de jornalistas que a mudança do comportamento de compra face ao ano passado é clara, com grande parte dos países já num estágio de desconfinamento, e avançou com previsões para o final do ano, com a época alta que vai agora começar a 1 de novembro.
A inflação é um dos principais efeitos de travão nas compras online pela redução do valor disponível para compras por parte dos consumidores, mas também porque os mesmos produtos estão mais caros do que em 2020, o que afeta sobretudo as áreas de eletrónica e os brinquedos, com preços a crescer 21% em relação ao ano passado. A eletrónica está, aliás, entre as categorias com maior queda nos gastos dos consumidores, baixando 9% face ao mesmo período nos últimos dois anos.
Mesmo assim, a Salesforce indica que em 2021 vão voltar a bater-se recordes nas vendas online. Em 2020 o crescimento foi de 50%, impulsionado pelas restrições nas deslocações físicas às lojas, e em 2021 deve atingir os 7% para 1,2 biliões de dólares em gastos online.
Falta de disponibilidade pode estragar o Natal
A análise da Salesforce aponta também para um potencial de retenção e atraso nas encomendas no último trimestre do ano que pode chegar aos 40 milhões de pacotes a nível global. No ano passado mais de 700 milhões de encomendas terão sido atrasadas, mas este ano Rob Garf tem uma previsão muito mais reduzida já que os retalhistas estarão a tomar medidas para evitar uma situação dramática, reduzindo o número de artigos disponíveis, racionalizando a sua oferta e preparando as linhas de produção de forma mais eficiente.
Mesmo assim há custos adicionais e outros fatores que têm de ser considerados, como a última linha da logística, com as entregas porta a porta, potenciais bloqueios nos portos, falta de mão de obra e mesmo de materiais, sobretudo na área da eletrónica, onde a falta de chips continua a ser um problema.
E há também que considerar que a situação pandémica não está estabilizada e que existem riscos de novos confinamentos em alguns países.
Tudo junto faz com que a Salesforce antecipe também uma mudança na tendência de compras. Em vez de consultar online e comprar na loja, os consumidores estão a mudar de comportamento para uma lógica de experimentação e validação dos produtos na loja e depois compra através das lojas online. 6 em cada 10 compras vão ser influenciadas pelas lojas físicas.
Esta é uma realidade para a qual Rob Garf diz que os retalhista se têm de preparar, associando mais serviços à lojas e fazendo uma ligação mais próxima com as redes sociais.
O executivo admitiu também ao SAPO TEK que a questão da confiança e da fidelização é cada vez mais crucial e que há uma "batalha" para dominar os dados dos utilizadores, por isso antecipa um Natal sem cookies. "Os retalhistas estão a investor muito nesta área da segurança e da fidelização para garantir que os seus clientes têm uma experiência de confiança", explica.
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