
O Mobile World Congress está na reta final e durante estes dias o SAPO TEK tem vindo a palmilhar os oito pavilhões do centro de congressos de Barcelona para procurar as novidades tecnológicas das fabricantes. Mas houve tempo para encontrar as empresas portuguesas que também levaram as suas soluções e serviços para apresentar no evento, estabelecer parcerias e sobretudo aumentar o networking de contactos.
De recordar que a Startup Portugal também está presente com um número recorde de startups portuguesas para participar no 4YFN durante o MWC. A lista de empresas selecionadas é diversificada e abarca áreas como a inteligência artificial, health tech e sustentabilidade, e o SAPO TEK também teve oportunidade de conversar com alguns dos empreededores.
Espalhados pelos diferentes Halls do centro de convenções Fira Barcelona Gran Via, fomos ao encontro de seis empresas portuguesas (ou com escritório em Portugal e inscritas no evento como sendo do nosso país). Durante a conversa com os representantes, percebe-se que muitas visitam o Mobile World Congress há muitos anos, outras são mais recentes e procuram mais oportunidades de negócio. Mas também há empresas ligadas ao sector das telecomunicações que vivem como “peixe na água” no evento em Barcelona, uma vez que este é o principal tema.
Uma das empresas presentes foi a Inspira e segundo o cofundador Henrique Ferreira, trata-se de uma ferramenta jurídica para firmas de advogados e empresas com equipas jurídicas. A empresa começou no Brasil, mas em 2023 ganhou a competição do pitch do Web Summit e acabou por trazer o seu produto para Portugal, onde tem agora escritório de operações. “Estamos agora com clientes em Portugal e temos o objetivo de expandir os negócios”. O líder da empresa diz que já tem 40 funcionários.

Sobre a sua solução, trata-se de um workflow completo para advogados, que ajuda nas pesquisas, decisões, análise e criação de documentos e revisão. “Um advogado tem num único lugar todas as soluções que precisam para passar uma recomendação confiável e precisa para os seus clientes”. A empresa utiliza também IA em alguns processos, da Google e da Microsoft, focado no meio jurídico. Henrique Ferreira não acredita que a IA venha a substituir um advogado, mas sim um acelerador em cima das rotinas para revisão de documentos, encontrar informações, resumir ou tabelar conteúdos, etc.
Em Portugal, a empresa está no início, tendo fechado um cliente, prestes a concluir outro e em contacto com mais alguns e está em Barcelona à procura de mais oportunidades de negócio.
A TimWetech é outra empresa nacional presente no MWC, ocupando uma área generosa com espaços para reuniões com clientes e parceiros. Saulo Mendes diz que a empresa tem 20 anos com sede em Lisboa, atuando com serviços para as empresas de telecomunicações em mais de 80 países, “temos escritórios no mundo inteiro”. A empresa tem uma plataforma de parceiros que integra soluções dentro do ecossistema de telecomunicações.
“Por exemplo, se tem um bundle no plano de telecomunicações com Netflix, temos a plataforma que faz toda a gestão de colocar isso no pacote, a faturação, os pagamentos à plataforma”. A empresa também trabalha com “digital engagement”, focado em clientes de pré-pago e pós-pago e gerem programas de lojas para as telecoms. “Sendo 99% dos seus clientes empresas de telecomunicações, estes estão aqui em Barcelona, por isso estamos aqui para expor o nosso produto e ter reuniões”, aponta Saulo Mendes.

A empresa tem produtos ativos desde o México à Indonésia, Brasil, África e Médio Oriente de “digital engagement”, que são técnicas de gamificação para manter os clientes mais tempo com as plataformas. Por exemplo, as promoções quando os clientes carregam o smartphone com 5 euros, numa parceria com uma empresa de telecomunicação, cria algum tipo de jogo para incentivar a gastar um pouco mais, 6 ou 7 euros, na probabilidade de ganhar um prémio.
WIT mostra soluções de IA generativa para clientes e operadoras de telecomunicações
A WIT é uma empresa portuguesa com muitos anos de Mobile World Congress. João Martins, diz que a empresa sedeada em Coimbra e fundada em 2001, “opera essencialmente no mercado de telecomunicações, desenvolvendo produtos e soluções móveis para alguns dos maiores operadores do mundo, incluindo a Vodafone, Deutsche Telekom e outras grandes telecoms do Japão”.
A empresa está em Barcelona para mostrar produtos que desenvolveu, usando tecnologia de IA generativa, juntamente com as suas outras plataformas de messaging e televisão, áreas onde a empresa diz ser especialista, para ajudar as operadoras de telecomunicações a lançarem produtos no mercado que sejam mais interessantes para os consumidores.

A tecnológica pensa ainda em como traduzir os elementos de gamificação em funcionalidades úteis e práticas para os clientes, sem intervenção dos funcionários. “Em vez de atender o telefone ou obrigar o utilizador a instalar uma app, usar experiências interativas, nomeadamente avatares inteligentes que estão integrados nos sistemas”. João Martins dá o exemplo de ligar para um restaurante e automaticamente entra numa experiência digital e pode interagir com um assistente virtual que explica o menu, o preço, a marcação de mesa, tudo isto dentro do contexto da chamada.
Para as operadoras de telecomunicações, a WIT tem uma oferta muito específica para os centros de atendimento. Ao ligar para o operador para reportar um problema ou adicionar subscrições, etc. “Em vez de ter aquele tipo de experiência de premir 1 para isto ou 2 para aquilo, as “primas” como se diz agora em piada, mais uma vez é lançado automaticamente no smartphone um avatar com serviço digital”. Pode tentar resolver o problema de forma automática com o assistente de IA ou se precisa ir mais longe e chamar um humano. O sistema está preparado para detetar sinais de frustração ligados à chamada e ao passar o caso a um agente humano, também é passado um resumo do assunto daquilo que já se falou, entretanto.
“Este ano, estamos a notar finalmente, que se está a voltar ao período pré-pandemia. O evento está lotado, está gente do mundo inteiro, nós estamos com a agenda completamente cheia e muito contentes por termos muitos operadores a reunir connosco para ver tecnologia portuguesa, que é da melhor do mundo”.
Também habituada à semana “confusa” do Mobile World Congress, a Celfocus volta a marcar presença no evento. “A Celfocus faz 25 anos este ano, sedeada em Lisboa, depois de uma joint venture que foi criada com a Vodafone e Nova Base. Há cinco anos compramos a participação da Vodafone e é curioso que o negócio aumentou na operadora depois da separação”, explicou Pedro Silva, diretor executivo da Celfocus ao SAPO TEK.

Além da presença em Portugal, a Celfocus tem grande foco na Europa e Médio Oriente, assim como alguns países em África, fruto da relação com a Vodafone. A empresa é especializada em dois verticais, as telecomunicações e área da banca, que somam 95% da sua faturação. A empresa tem quase 2.000 funcionários, espalhadas por Portugal e um pouco pela Europa e Arábia Saudita, Dubai e Qatar. Tem também um centro de desenvolvimento no Egipto.
A Celfocus implementa soluções da Google, AWS, Microsoft e Oracle à medida dos seus clientes. Também tem tecnologia própria, que acelera as suas implementações e executa grandes projetos de transformação, participando com o seu maior ativo que é o conhecimento e experiência das suas pessoas, sobretudo nas situações mais complexas.
Para o Mobile World Congress, a empresa diz estar satisfeita com a quantidade de reuniões a decorrerem, tendo 14 colaboradores no evento. “A expetativa é ter maior possibilidade de networking num simples ponto do planeta, que durante três dias conseguimos encurtar em muitas semanas as reuniões, além de poupar diverso carbono por não termos de viajar”.
Para finalizar, o SAPO TEK foi procurar no espaço do Brasil mais duas empresas que têm escritórios em Portugal. A Fenix DFA é especialista em resiliência de dados, ou seja, ajudar as empresas a evitar que percam informação preciosa. Consideram-se uma espécie de capa por cima das ferramentas de segurança, como se adicionasse mais um nível de proteção.
Por outro lado, a Bycoders, que foi fundada no Brasil em 2019 por Vanildo Prates, um especialista com mais de 20 anos a desenvolver software. A empresa oferece também soluções de outsourcing de IT montando equipas e alocando no cliente. Também faz “head hunting”, a procura de talento, para disponibilizar aos seus clientes, que incluem empresas como a Bosch. Atualmente tem cerca de 70 funcionários a trabalhar remotamente.

Aptoide continua a observar a resistência da Apple às leis europeias
Apesar de este ano a Aptoide não ter estado no Mobile World Congress com um espaço dedicado, o SAPO TEK encontrou o seu fundador, Paulo Trezentos, que nos fez um ponto de situação da empresa, sobretudo o lançamento da loja de aplicações para iOS em alternativa à Apple Store. “A loja iOS foi lançada em junho e aquilo que estamos a notar no final destes nove meses é que tem havido um crescimento lento, derivado à fricção que a Apple continua a impor na instalação da App Store”.
Paulo Trezentos aponta alguns sinais promissores interessantes: “temos registado cerca de 200 a 300 novos utilizadores por dia, uma taxa de retenção muito interessante e algumas funcionalidades diferenciadoras que os utilizadores estão a começar a reconhecer”. Dá como exemplo, uma nova possibilidade de os utilizadores poderem voltar atrás na instalação de uma versão diferente de um jogo. Por exemplo, uma versão do jogo que já não funcione no sistema operativo, pode-se voltar atrás e instalar uma outra que dê.

A Apple continua a limitar a implementação das lojas de terceiros no seu ecossistema. Questionado como vê a União Europeia a pressionar a empresa para cumprir a lei, Paulo Trezentos diz que observa com muita curiosidade. “Houve este primeiro lançamento em junho e somos uma das três lojas oficiais aprovadas pela Apple. Mas desde então a Apple não mudou nada. A Apple está a ser alvo de uma investigação formal da Comissão Europeia, que começou em setembro e vai demorar 12 meses, no máximo”.
O CEO da Aptoide diz que Bruxelas reconhece que a Apple está a criar barreiras artificiais às lojas de aplicações em iOS e a identificar três pontos onde a empresa da maçã tem de mudar. “Nós na Aptoide temos insistido em três pontos: o primeiro é a experiência do utilizador criada por pop ups e botões que não fazem sentido. Segundo, um obstáculo aos developers de se juntarem a este ecossistema sobrando taxas excessivas. E terceiro e último, cobrarem também às apps stores taxas excessivas”.
Ao continuar a cobrar as taxas, a Apple impede as outras lojas, como a Epic Games Store e a Aptoide de crescer, diz Paulo Trezentos. “O objetivo da Comissão Europeia, com esta investigação, é identificar os pontos que a Apple tem de mudar, criando uma penalização que pode ser no mínimo 10% a 20% da receita global da Apple.
A questão de segurança alegada pela Apple para manter o seu ecossistema fechado é legítima, segundo o CEO da Aptoide. “Sabemos que os nossos telemóveis são sempre vulneráveis a ataques de terceiros e que existe um ecossistema de maus atores a atacarem. A questão é que todas as aplicações que entram na Aptoide, pela arquitetura que a Apple criou, passam sempre pelos seus sistemas. Não é possível instalar um jogo que não tenha passado pela Apple”, explica Paulo Trezentos, apontando que têm a possibilidade de controlar essas inseguranças e à partida, não têm de ser a razão para levantar essas barreiras.
Para o Mobile World Congress, o líder da Aptoide diz ter uma agenda muito cheia de reuniões com parceiros, fabricantes de smartphones, operadores, etc. que diz estarem muito atentos à mudança da indústria de distribuição de jogos e aplicações e participar na comunidade.
Questionado sobre planos para que a Aptoide venha a ser uma loja pré-instalada nos smartphones de operadoras, como aconteceu recentemente no acordo entre a Epic Games e a Telefónica. “Estamos com algumas conversas relacionadas e o projeto mais relevante que lançamos há um mês com a Nokia HMD, para o mercado da Índia, Indonésia, Tailândia e sul asiático, para um equipamento GamePad que dá para jogar e tem joystick, somos nós que fornecemos o Game Center, uma loja com títulos curados para aquele hardware”. O objetivo é do projeto são 6 milhões de equipamentos nos próximos 12 meses.
O SAPO TEK está a acompanhar o MWC25 que decorre em Barcelona de 3 a 6 de março, siga todas as novidades e anúncios mais relevantes com o nosso especial.
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