O desenvolvimento de ecrãs e de Televisores é um dos pontos fortes da TCL, mas a empresa chinesa sabe que para crescer é preciso ter um portfólio mais alargado de produtos, criando um ecossistema integrado que ofereça uma experiência completa aos clientes, e é essa a estratégia que Kevin Wang, CEO TCL Eletronics, tem defendido à frente de uma das áreas de negócio da companhia. A ideia é posicionar a TCL como marca global de dispositivos inteligentes, com a melhor experiência de entretenimento.
O executivo esteve na IFA a apresentar o novo smartphone TCL Plex, o primeiro com a marca TCL, e passou depois por Portugal, onde a empresa está a alargar a presença e a reforçar a linha de produtos nas lojas, depois de ter começado a vender os televisores em abril deste ano nas principais lojas de retalho de eletrónica.
“Em três anos queremos ser número 1 global em vendas de TV”, explicou o executivo ao SAPO TEK, lembrando que a TCL já está na segunda posição e que tem vindo a ganhar espaço em países maduros, como os Estados Unidos, onde está “a crescer muito”, refere o CEO da TCL Eletronics.
As oportunidades na Europa são grandes e a TCL já está diretamente na região há 15 anos, com níveis de crescimento importantes. Este ano cresceu 30% no mercado europeu ano, mas Kevin Wang admite que aqui é mais difícil, porque são muitos países e culturas diferentes. Ainda assim, é um mercado em que quer apostar e a entrada em Portugal da linha de TVs é uma das provas desta estratégia.
“Estamos a reforçar o investimento na Europa e em Portugal e queremos alargar o portfólio de produtos”, sublinhou durante a entrevista, partilhando a visão de que a TCL para ser líder tem de ter um ecossistema de produtos integrados, com a melhor experiência para o utilizador, porque as pessoas procuram essa integração entre os vários dispositivos.
Kevin Wang afirma que o investimento no segmento de TV é o primeiro passo, que foi agora reforçado com os telefones TCL, mas também estão na calha os frigoríficos, máquinas de lavar e ar condicionado. “Estamos também a pensar no investimento em connected devices e áreas de áudio, com soundbars, onde estamos a trabalhar com a Google, como nas TVs, e por isso vamos desenvolver mais equipamentos ligados”, sublinha.
Em Portugal a ideia é também reforçar a equipa local, que até este ano estava focada na comercialização de smartphones da marca Alcatel e BlackBerry, onde conseguiram alcançar uma das melhores quotas de mercado na Europa. “A equipa é muito boa, com uma performance elevada e são proativos para a mudança do mercado”, justifica, dizendo que este desempenho também reforça a confiança para a introdução da marca TCL em smartphones e com o TCL Plex, numa proposta de valor acima da que a Alcatel tem atualmente.
A TCL vai continuar a investir nesta linha de equipamentos e para o próximo ano estão prometidos novos modelos, com os smartphones dobráveis de que já vimos alguns conceitos, e os primeiros equipamentos 5G. “O TCL Plex é o primeiro passo, vamos lançar mais modelos dentro da mesma gama”, afirma Kevin Wang.
Uma marca, muitas mudanças
A empresa foi criada em 1981 com a marca TTK, mas mudou o nome para TCL em 1985, iniciais de Telephone Communication Limited, mantendo-se como fabricante na área de eletrónica de consumo. Só no ano 2000 começou o processo de internacionalização, mas acelerou rapidamente com a aposta em joint ventures com empresas europeias. Primeiro a francesa Thomson para a produção de televisores e leitores de DVD em 2003, e depois com a Alcatel, em 2004, focada na produção de smartphones, que levou à criação da Alcatel Mobile Phones, que passou a assumir integralmente em 2005, depois de comprar a parte da Alcatel na empresa.
As aquisições não ficaram por aqui e em 2014 a TCL comprou a marca Palm à HP, para usar em smartphones, e em 2016 fez um acordo com a RIM para ficar com a marca BlackBerry Mobile, tendo já lançado vários modelos do smartphone com sistema operativo Android.
Kevin Wang tem uma visão clara da forma como quer posicionar a marca TCL e a colaboração aberta que mantém com várias empresas, entre as quais a Google, faz parte desta equação. O CEO da TCL Eletronics não quer que a empresa esteja apenas focada nos televisores, ou nos smartphones, mas acredita que para ser líder de mercado e uma marca forte tem de ter um portfólio alargado.
“As marcas lideres não têm só telefones, têm connected devices. Agora há mais telefones de marcas chinesas e todos estão a introduzir TVs na sua linha de produtos. Nós somos bons na TV e queremos ser dominantes nos smartphones”, afirma, lembrando que “já temos a Alcatel e somos fortes, mas agora temos de ligar tudo, com a mesma marca, mesma cloud, a mesma gestão dos equipamentos e apoio ao cliente”.
TVs cada vez maiores e em 8K
Na IFA a TCL lançou três novas linhas de TVs, com a plataforma integrada AI-IN, que permite aos consumidores, através do controle de voz, dar instruções aos equipamentos de smart home. Entre as novidades estão a série X10 da gama 4K da TCL, uma Android TV com mini LED, e a série ultrafina X81, a 4K QLED TV, a que se soma a EC78 4K HDR Pro TV. As três gamas apresentam uma barra de som Onkyo e incluem o sistema operativo Android TV.
Kevin Wang defende que a mudança da TV já não é apenas de integração de novos conteúdos não lineares. “Há 10 anos só víamos a TV linear, depois evoluímos para a OTT TV, e o cliente pode ver os conteúdos que quer, sem estar dependente de um sinal único”. A tendência agora é para “ter mais tecnologia inteligente, e a TV é maior, tem microfone, podemos falar com ela, com IA, pode entender melhor do que antes”, refere, afirmando que cada vez mais as TVs vão ser equipadas com câmaras e Inteligência Artificial, que vão abrir espaço a novas aplicações, com videoconferência e até compra de vestuário já mais adaptado ao utilizador, onde a câmara ajuda a tirar as medidas no videoshopping.
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