Embora menos aparente nas transacções business-to-consumer (B2C), as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) estão efectivamente a afectar as relações comerciais entre empresas, onde o seu impacto é substancial. Isto segundo os dados de um estudo divulgado recentemente pela Comissão Europeia (CE), acerca do impacto das TIC na logística empresarial na Europa.



Baseado em respostas recolhidas entre Fevereiro e Setembro de 2001, numa amostra de 180 empresas, o estudo indica a diminuição dos tempos de entrega, a redução de stocks, a mudanças nos perfis profissionais e a alteração da estratégia de competição para a política de cooperação entre empresas como os efeitos mais significativos das TIC nas relações B2B.



Segundo o estudo, para as grandes empresas, os maiores problemas inerentes às TIC relacionam-se com o facto de ser necessário lidar com redes de grande dimensão e complexidade e com sistemas telemáticos. As PMEs controlam plataformas electrónicas mais pequenas e flexíveis e aplicações relativamente fáceis, mas por vezes falta-lhes a capacidade financeira apropriada para conduzirem a sua logística ao digital.



Em comunicado oficial, a Comissão afirma que as TIC começaram a ter um impacto mais significativo nas relações B2B há cinco anos atrás, com o desenvolvimento das aplicações Web e telemáticas costumizadas, e com o consequente desenvolvimento do comércio electrónico e, mais recentemente, dos e-marketplaces. O órgão regulador europeu adianta ainda que as empresas ligadas ao comércio em todos os Estados-membros compreendem agora a importância destas tecnologias para o seu negócio.



Embora ainda não seja significativo, a utilização das TIC também deverá vir a ter impacto nas transacções B2C, onde confere vantagem competitiva na logística e serviços de back-office a clientes. As relações entre intervenientes de uma mesma cadeia logística estão a intensificar-se: as plataformas de distribuição e os fluxos de oferta e procura estão a crescer e estão a ser desenvolvidos novos processos de colaboração empresarial.



Segundo a Comissão Europeia, verifica-se igualmente uma transformação no ambiente económico em que funcionam as empresas: algumas das profissões estão a mudar e começam a aparecer novos intervenientes como os "infomediários" - que fornecem ligações virtuais na cadeia de oferta -, ou os fornecedores de soluções logísticas completas.



A revolução logística das TIC pode igualmente afectar a competitividade, através da redução dos custos operacionais. Citando fontes ligadas à indústria, a Comissão afirma que os custos relacionados com a cadeia de abastecimento podem ser reduzidos entre 8 e 10 por cento, o que por sua vez resultará na diminuição do preço para o consumidor.



As TICs estão ainda a contribuir para o surgimento de uma nova dimensão nas relações entre negócios anteriormente rivais: a competição pára quando a cooperação se torna mais rentável. Isto resulta na partilha de facilidades de armazenamento ou plataformas de distribuição (através de outsourcing) e no desenvolvimento de e-marketplaces comuns.



A Comissão salienta que, actualmente, os aspectos técnicos dos marketplaces virtuais são melhor coordenados. As empresas estão a deixar a aproximação meramente tecnológica, optando por uma aproximação orientada para o negócio mais lacta, que põe o cliente no centro da estratégia e reconhece que os marketplaces não são apenas "novas" ferramentas, baseadas em "novas" tecnologias, mas têm principalmente de fornecer respostas "novas" aos velhos problemas da economia dita tradicional.




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