Os rumores sobre a situação financeira da Volocopter não são novos. Uma notícia publicada pela BBC volta ao tema para garantir que a situação é grave e que uma das mais antigas e seguramente a mais emblemáticas das empresas europeias de aeronaves elétricas de decolagem e aterragem vertical pode acabar por “morrer na praia”. Durante anos desenvolveu e aperfeiçoou protótipos dos seus eVTOL, mas os custos do projeto, a complexidade e a demora relacionada com as questões regulamentares ameaçam seriamente a continuidade do projeto, que se chegar a ter uma oferta comercial pode já não ser enquanto empresa europeia, mas chinesa.
Segundo o canal britânico, depois de meses à procura de soluções e de um empréstimo governamental de 100 milhões de euros falhado na Alemanha, os responsáveis da empresa negoceiam agora com a chinesa Geely. Em cima da mesa estará um acordo que implicará a venda de 85% do capital da Volocopter ao fabricante de automóveis dono de marcas como a Volvo ou a Lotus, em troca de um investimento de 90 milhões de euros. A parceria pode implicar a transferência da produção para a China.
A Volocopter está no mercado desde 2011. Os eVTOL da empresa deviam ter animado os céus de Paris durante as últimas Olimpíadas, já que a empresa foi escolhida para prestar um serviço de táxi aéreo durante o evento. Questões regulatórias impediram que o plano se concretizasse, como foi explicado na altura.
Veja o conceito proposto pela Volocopter
Além das enormes quantidades de dinheiro que as empresas deste tipo precisam de reunir para desenvolver conceitos, criar e testar protótipos, os especialistas apontam os custos de operação e das baterias como os mais exigentes neste tipo de projetos. A regulação das operações, que vão acontecer sobretudo em ambiente urbano, é outra questão. É complexa e tem sido sucessivamente atrasada. O payback dos investidores tem com isso sido também sucessivamente atrasado e alguns têm desistido.
A situação débil da Volocopter não é muito diferente da situação de outra empresa alemã dedicada ao mesmo segmento, a Lilium. Com um conceito inovador e uma aeronave que faz uso de 30 motores elétricos, a companhia chegou a anunciar que tinha encomendas para 780 unidades. Demonstrou a tecnologia com protótipos à escala e começou a produzir as primeiras aeronaves, com planos de avançar para testes no próximo ano.
O eVTOL da Lilium também em risco de não chegar a uma versão comercial
Segundo fonte oficial conseguiu levantar 1,5 mil milhões de euros em investimentos, mas o dinheiro acabou por não chegar e em novembro a startup submeteu um pedido de insolvência. Segundo a BBC, o fabrico das aeronaves continua, a par da procura de mais investimento ou um novo dono.
Segundo analistas contactados pela BBC, um dos projetos europeus em melhores condições de sobreviver é o que é liderado pela Airbus, o CityAirBus NextGen, que vai resultar numa aeronave com capacidade para quatro passageiros e uma autonomia para 80 quilómetros.
Os desenvolvimentos do CityAirBus NextGen têm avançado em torno deste protótipo mostrado em 2021.
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