Foram precisos dois anos para que as vendas globais de telemóveis voltassem a evoluir de forma positiva, na comparação entre meses de anos sequenciais. A viragem deu-se em outubro, segundo os dados mais recentes da Counterpoint, que identificou um crescimento de 5% nas vendas destes equipamentos em outubro. Nos 27 meses anteriores, a comparação entre volumes de vendas com o mesmo mês do ano anterior mostraram sempre quedas.

Como sublinha a empresa de estudos de mercado, a ditar a tendência dos últimos meses estão vários fatores, a começar pela escassez de componentes eletrónicos durante a pandemia. Depois disso, as marcas tiveram de abrandar os fornecimentos às lojas que tinham excesso de inventário, mais difícil de escoar no atual momento. As taxas de juro e a inflação elevada diminuíram os níveis de confiança dos consumidores em relação ao futuro, o que acabou por se materializar num alargamento dos ciclos de renovação de smartphones.

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Counterpoint créditos: Counterpoint

O crescimento em outubro acabou por refletir a dinâmica de vendas nos mercados emergentes, com destaque para o Médio Oriente e África. Tiveram também um impacto importante nesta recuperação o regresso da Huawei ao mercado de smartphones na China, com o lançamento de novos produtos, e o início da época festiva na Índia, que acabou por ser o maior contribuinte para este crescimento global de vendas.

A Counterpoint aponta ainda outro fator importante para o crescimento das vendas de smartphones em outubro: o lançamento do iPhone 15. Este ano, a nova geração do smartphone da Apple chegou ao mercado uma semana mais tarde, remetendo na totalidade o efeito dessa estreia para outubro.

Face aos dados apurados para outubro, a Counterpoint acredita que os fabricantes terão razões para sorrir no final do trimestre, que deve fechar em terreno positivo, dando início a um ciclo de recuperação que se espera ver continuado nos trimestres seguintes.

Os dados disponibilizados pela Counterpoint agora não fornecem informação regional, que permita perceber como evoluíram as vendas na Europa, neste primeiro mês do quarto e último trimestre do ano. Esta terça-feira a empresa tinha fornecido outros números, onde se revelava que o período entre julho e setembro continuou a ser mau para o sector na região, ainda que com uma ligeira recuperação. As remessas de telemóveis enviadas para as lojas na Europa caíram no período 11%, face aos mesmos três meses de 2022. Na Europa Ocidental a queda foi de 8% e na Europa de Leste foi de 15%.