Um alegado relatório interno da União Europeia recomenda que o organismo tome uma ação rápida contra as empresas tecnológicas chinesas Huawei e ZTE. O conselho é dado com base no crescimento e domínio que as empresas têm estabelecido na Europa, tornando-as perigosas em termos de segurança e de comércio.

A quota de mercado de equipamentos de telecomunicações das duas empresas asiáticas na Europa é atualmente de 25% quando em 2006 era apenas de 2,5%, revela a Reuters. Um outro exemplo de domínio de mercado da Huawei e da ZTE acontece no mercado das redes móveis de última geração, onde ganharam 57% dos contratos para instalação de infraestruturas 4G nos 27 Estados-Membros.

Esta maior "confiança" que é dada às empresas chinesas deixa de parte empresas do velho continente, que em alguns casos correm o risco de fechar devido aos baixos preços praticados pelas congéneres asiáticas. O relatório mostra que em média, os produtos das duas empresas chinesas são 18% mais baratos do que aqueles comercializados pelas marcas europeias.

A Nokia Siemens é vista como uma das empresas que mais tem sido prejudicada pela concorrência chinesa.

A agência de notícias britânica teve acesso ao alegado relatório na quarta-feira e diz existir referências à possibilidade de as fabricantes chinesas instalarem spyware nas redes e equipamentos de telecomunicações que detêm, sem que as operadoras nacionais conseguissem detetar.

Os resultados do relatório estão ainda a ser debatidos pelos membros da União Europeia.

Uma porta-voz da Huawei já reagiu à notícia ao declarar que todo o protecionismo que se tem verificado deve-se à crise económica. "Se realmente te focares num país e numa empresa, ignorando a ameaça real da cibersegurança, então penso que definitivamente é muito injusto", acrescentou. Ninguém da ZTE se pronunciou oficialmente sobre o assunto.

Um movimento da União Europeia contra as empresas pode no entanto representar um risco acrescido para os fornecedores europeus que têm negócios na China. Um desacordo económico e diplomático traria consequências negativas para ambas as partes.

Nos EUA a Câmara dos Representantes aconselhou as empresas norte-americanas a não fazerem mais negócios com a Huawei e ZTE por representarem uma ameaça à segurança nacional. Na Austrália as empresas foram proibidas de participar no concurso de construção das infraestruturas para o LTE e no Reino Unido a Huawei está a ser alvo de um inquérito por parte do parlamento.

Nota de redação:Foi corrigida uma gralha no nome da Huawei no primeiro parágrafo.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico