As melhores propostas das 12 rondas de licitações do 146º dia da fase principal do leilão do 5G não ultrapassaram hoje os 713 mil euros, mantendo o mesmo ritmo lento que se tem registado nos últimos meses, onde as propostas são feitas pelo valor mínimo. Tudo somado, o valor de encaixe potencial para o Estado é já de 430 milhões, com a fase dos novos entrantes, 192 milhões acima do que estava previsto pela Anacom quando anunciou as regras do concurso em 2019.

No final desta semana a fase principal do leilão do 5G completa 7 meses, depois de ter começado a 14 de janeiro, e para já tudo indica que não há fim à vista. O Governo já avisou que os prazos de implementação têm de ser cumpridos, com parte das obrigações de cobertura definidas para 2023.

O leilão é já um dos mais longos de que há memória, embora seja também um dos mais complexos realizados. Enquanto alguns países optaram por "fatiar" as várias faixas de espectro em concursos ou leilões separados, a Anacom optou por juntar os 52 lotes de espectro, nas faixas dos 700 MHz, 900 MHz, 2,1 GHz, 2,6 GHz e 3,6 GHz, no mesmo procedimento. É esta uma das razões que justifica a demora adicional, até porque só em 2020 ficou liberta a faixa dos 700 MHz, que antes era usada pela TDT.

Hoje só 7 lotes tiveram alteração de preço, sempre por mais 1 ou 2% do que no dia anterior, e são todos na faixa dos 3,6 GH, uma das nativas do 5G que garante suporte a maior número de equipamentos, mais velocidade e menor latência.

Governo mostra impaciência com a demora do leilão

Sem intervenção direta no processo, que é gerido pelo regulador do mercado de comunicações, o Governo parece de braços atados com o desenrolar do leilão, mas começa a demonstrar impaciência com este impasse. Pedro Nuno Santos já havia referido no Parlamento que o leilão está a decorrer há demasiado tempo e que preferia “mil vezes que acabasse já, do que se obter uma receita maior”. Mas as palavras do ministro das Infraestruturas não passaram de um desejo, pois o Governo não tem forma de interromper ou acelerar o processo em decurso.

No entanto, o Governo afirma que os prazos são para cumprir e que a implementação do 5G terá de começar a ser colocada em ação em 2023. Em nota partilhada com o ECO e a TSF, o gabinete do secretário de Estado das comunicações reafirma que não lhe cabe interferir no leilão e na sua duração, mas diz ter a expetativa que tanto a Anacom como as operadoras tenham presente de que é necessário cumprir os prazos de implementação, independentemente da duração do processo de leilão.

Mesmo assim mantém a pressão sobre os intervenientes, recordando que há um calendário de implementação do 5G. As operadoras que adquirirem as respetivas licenças no leilão têm um máximo de três anos para desenvolver a rede. Mas lembra que as metas intermédias estão marcadas para 2023, com a implementação mínima estabelecida, e o prazo máximo da cobertura em 2025.

A Anacom já mudou as regras do leilão, duplicando o número de rondas diárias, para 12, mas ainda assim o processo tem vindo a arrastar-se. Há muito que o interesse dos operadores está centrado na faixa dos 3,6 GHz. Porém, a cada dia, esta faixa nativa do 5G registam-se subidas a "conta-gotas" de 1% em relação a 12 lotes.

Paralelamente ao leilão, as operadoras de telecomunicações continuam a fazer demonstrações públicas do potencial da tecnologia 5G. A NOS mostrou como podem ser as praias do futuro, com o sistema de vigilância montado para teste na Costa da Caparica. E também o potencial da tecnologia nos hospitais, no impacto para o treino, assim como a prestação de socorro de forma remota, como se viu na demonstração feita no Hospital da Luz. A tecnologia também já foi testado no desporto, com o Estádio da Luz e do Dragão igualmente equipados com a rede 5G. A Altice também já garantiu a cobertura 5G no pavilhão Altice Arena, Cidade do Futebol e Autódromo do Algarve.

Receitas do 5G podem ficar abaixo das expectativas

Hoje foi divulgado um estudo da Juniper Research onde se indica que, no final deste ano, deverão existir em todo o mundo 310 milhões de utilizadores de serviços 5G. Nos próximos cinco anos,o número vai disparar para 3,2 mil milhões. 

As más notícias são que o estudo 5G Monetisation: Business Models, Strategic Recommendations & Market Forecasts 2021-2026 também mostra que a receita média obtida pelos operadores com cada equipamento 5G ativo vai cair nos próximos anos e gerar um impacto significativo em termos de receitas. As contas antecipam que este ano a receita média angariada através de um smartphone 5G seja de 29 dólares e que em 2026 seja apenas de 17 dólares. 

A empresa de estudos de mercado antecipa um esforço significativo dos operadores nos próximos anos para acomodar a crescente adoção da tecnologia, que deverá passar pelo investimento em redes exclusivamente 5G, com capacidade para oferecer melhores serviços.  

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“As redes autónomas 5G utilizam tecnologias de próxima geração, como ferramentas de orquestração da rede, para permitir aos operadores rentabilizar casos de utilização intensiva de dados, como cuidados de saúde à distância e jogos móveis”. 

Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 19h27