A ETSI (Instituto Europeu de Normas de Telecomunicações), organização europeia responsável pela normalização das telecomunicações, na voz do novo diretor geral, Jan Ellsberger, que o trabalho preparatório do 6G está para começar em breve. As operadoras podem esperar que a futura geração de redes móveis esteja pronta entre 2029-2030, destaca o Euronews.

De recordar que os primeiros testes já foram realizados, com um primeiro protótipo de equipamento 6G. Este teve a capacidade para fazer o download de cinco filmes em alta resolução a cada segundo. Para já, o 5G atinge velocidades de 4,9 Gbps, o que multiplica por 20 a ligação 6G testada, mas a expectativa é que o 6G possa ampliar até 500 vezes a capacidade das ligações suportadas em tecnologia 5G.

Apesar dos planos para arrancar os trabalhos com o 6G estarem para breve, os objetivos estabelecidos pela Comissão europeia para o desenvolvimento das redes 5G continuam a derrapar entre os países-membros. A ambição é ter a rede 6G preparada até ao final da corrente década, esperando-se ter a primeira versão da normalização da tecnologia.

6G pode ser 500 vezes mais rápido que o 5G. Primeiros testes com ligações a 100 Gbps
6G pode ser 500 vezes mais rápido que o 5G. Primeiros testes com ligações a 100 Gbps
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Segundo Jan Ellsberger, o 6G não será uma grande revolução nas telecomunicações, mas sim uma evolução suave do 5G. A ETSI, que tem mais de 950 membros em 65 países, é uma das organizações pertencentes ao consórcio global 3GPPP, que estabelece os protocolos para as telecomunicações mobile. Depois das especificações do 6G serem criadas, estas serão transportas para a normalização em todas as regiões participantes: Estados Unidos, União Europeia, Índia, Japão, China e Coreia do Sul.

A Comissão Europeia publicou um relatório em junho onde dizia que o objetivo de alcançar a cobertura global de 5G em 2023 ainda não tinha sido atingido. E que as tecnologias dependentes de internet rápida, como a IA, continua a sofrer atrasos. Aproximadamente 89% da população da União Europeia já tem acesso a pelo menos uma rede básica de 5G, revelou o relatório semestral do Observatório Europeu do 5G em julho.

Já o relatório sobre o Estado da Década Digital que a União Europeia divulgou é mais pessimista e que diz que as redes 5G ainda só cobrem 50% do território regional e com um “desempenho ainda insuficiente para fornecer serviços 5G avançados”. Portugal destaca-se neste indicador e é mesmo um dos melhores países da região.

Também na análise do Observatório Europeu do 5G Portugal está acima da média europeia, com uma cobertura de 98,1% (83,3% nos 700 MHz, 100% nos 3,6 GHz, mas ainda sem cobertura de 26 GHz). São apenas 11 os países europeus que já têm cobertura total nesta banda mais larga: Áustria, Croácia, Bulgária, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália, Eslovénia e Espanha. A Suécia tem uma cobertura de 85% e os restantes países ainda não aderiram a esta tecnologia.

No que diz respeito ao 6G, o foco de Bruxelas é a normalização para os próximos anos, sendo necessário implementar toda a legislação adotada. A ETSI terá um papel nesse trabalho. É dado o exemplo da recente legislação em torno da inteligência artificial, a IA Act, que também tem efeito na normalização da futura rede de telecomunicações.