PT Portugal, NOS e Vodafone estão de acordo em relação à necessidade urgente de regras que equilibrem as condições de mercado para os operadores de telecomunicações ditos tradicionais e os OTT (Over the Top), os gigantes da Internet como a Microsoft ou a Google, com serviços que concorrem diretamente com ofertas de comunicações tradicionais e distribuem os seus conteúdos sobre as redes dos operadores.

Como destacou Mário Vaz esta terça-feira à tarde na conferência anual da Anacom, num painel que juntou os três operadores e a Microsoft, hoje fala-se muito em temas como o do Big Data. “Os operadores já têm Big Data, não têm é Big informação porque estão sujeitos a um conjunto de limitações” que os OTT não têm de cumprir, sublinha o CEO da Vodafone Portugal.

Um exemplo referido no debate foi o da informação de localização recolhida pelos equipamentos, graças à conectividade GPS, que é trabalhada por empresas como a Google ou a Apple, a partir dos dispositivos que usam os seus sistemas operativos móveis, mas essa possibilidade está hoje completamente vedada aos operadores de telecomunicações.

Os responsáveis consideraram urgente a definição de medidas que regulem estas novas realidades do mercado, mas defenderam que a solução ideal estará a meio caminho entre a imposição aos OTT de regras tão apertadas como as que hoje valem para os operadores de telecomunicações ditos tradicionais e a quase ausência de restrições de que beneficiam estes novos atores.

Mário Vaz considerou a definição de um quadro regulatório mais flexível e abrangente é essencial para equilibrar a concorrência, sem entregar oportunidades a outras regiões do globo, menos restritivas e por isso mais propícias ao desenvolvimento de negócios que nasçam em torno destes modelos de negócios.

João Couto admitiu no mesmo debate que a concorrência dos OTT com os operadores tradicionais é um facto. Mas para o diretor-geral da Microsoft Portugal os serviços destas empresas vêm sobretudo dinamizar a utilização das redes dos operadores, já que funcionam sobre essa infraestrutura. Deu o exemplo do Skype, sublinhando que a fabricante de software posiciona o produto sobretudo como uma ferramenta de colaboração para empresas e notou que a sua utilização em concorrência com os serviços dos operadores é em alguns casos menos interessante. Em Portugal, fazer uma chamada móvel através do Skype é 50% mais caro que através da rede do operador, garante.  

No mesmo evento os responsáveis dos principais operadores de telecomunicações partilharam o desejo de que o 5G, a próxima geração e comunicações móveis, não chegue antes de 2020, data para a qual está previsto.

Miguel Almeida, CEO da NOS, defendeu é preciso ter em conta as necessidades reais dos consumidores quando a decisão for tomada e considerou que dificilmente esse critério justificará o investimento antes dessa altura. Também sublinhou que a atribuição desse espectro é uma oportunidade de negócio para os Estados e um novo esforço de investimento para os operadores, que ainda estão a acomodar os investimentos realizados com as últimas evoluções tecnológicas. 

Cristina A. Ferreira