O fim das tarifas de roaming já foi aprovado para junho de 2017, mas a presidente da Anacom afirma em entrevista ao Diário Económico que a eliminação do roaming não pode ser feita sem ter em conta como se vão tratar esses custos que hoje são regulados.

“A questão do roaming é apaixonante e levanta sempre grandes discussões. Por um lado, quem viaja fica muito feliz por poder viajar e não ter custos extra quando utiliza o seu telemóvel. Mas, por outro, não podemos esquecer que o acesso às redes tem custos”, explica Fátima Barros em entrevista.

Os custos das tarifas de roaming têm vindo a ser reduzidos nos últimos anos, mas a eliminação completa causa problemas na remuneração dos operadores em relação aos custos de interligação e de uso das redes.

A presidente do regulador português das telecomunicações explica que "o que existe hoje é que, até 2017, vai existir uma sobretaxa que implica valores que, neste momento serão de 0,05 cêntimos por minuto na voz e 0,05 cêntimos por megabyte nos dados. Isso permite, de alguma forma, cobrir os tais custos grossistas e, ao mesmo tempo, também disciplinar um pouco o consumo das pessoas".

Para evitar abusos na utilização do telemóvel enquando os utilizadores viajam na Europa pode ser imposta uma medida semelhante à que hoje existe em alguns tarifários ditos "ilimitados" que impõe um teto máximo de utilização, referido como política de utilização responsável. 

Mesmo assim, Fátima Barros deixa outras preocupações. "Se não houver cuidado na forma como se permite aos operadores recuperarem os seus custos, podemos ter um grande desequilíbrio entre os vários países da Europa", justifica.

Alguns países do Sul da Europa, que têm grande procura turística, podem ficar em desvantagem se a sua população não fizer o mesmo nível de consumo noutros países europeus. 

Questionada sobre se as operadoras podem aumentar as tarifas face à eliminação do roaming a presidente da Anacom considera que esse é um risco do  processo.

Um estudo que o TeK hoje divulga mostra que os europeus e os norte-americanos estão a gastar mais de 1,18 mil milhões por ano em conectividade quando viajam, entre roaming e wi-fi.