A Nokia, em parceria com a Global Fiber Peru, concluíram a implementação de uma rede multi-gigabit, baseada em fibra ótica, na floresta amazónica. A rede subaquática liga mais de 400 comunidades na região e meio milhão de utilizadores, em zonas de floresta densa onde a infraestrutura é pioneira e a primeira oportunidade para estabelecer uma ligação digital estável com o resto do mundo.

A rede implementada com a subsidiária do Satelital Group vai cobrir uma zona conhecida como região das três fronteiras, precisamente por cobrir uma área que atravessa as fronteiras do Peru, da Colômbia e do Brasil. Mais precisamente, a rede liga as cidades de Iquitos e Santa Rosa de Yaraví no Peru, Leticia na Colômbia e Tabatinga no Brasil e as comunidades que habitam entre as três no meio da floresta. Vai dar suporte a serviços de FTTH (Fiber-to-the-Home) residenciais e serviços de banda larga rápida para empresas.

A chegada deste tipo de infraestrutura à região, mais do que um impacto a nível residencial, terá por isso um impacto importante na economia e na agilização dos negócios da região, esperam os promotores. A economia da zona é dinamizada pelo turismo, agricultura ou indústria (de extração de madeira, por exemplo).

Neste projeto, a Nokia tem também como parceira a FYCO, um player de fibra especializado no mercado da América Latina e juntamente com esta empresa terá a responsabilidade de fornecer formação, serviços profissionais e de manutenção, relacionados com a nova infraestrutura. Em comunicado, a empresa finlandesa explica ainda que o acordo também prevê a atualização de capacidades das redes de fibra existentes, geridas pela FYCO, em Lima, Cusco e Huancayo.

“Este projeto é importante porque fornece, pela primeira vez, ligações de fibra ótica a centenas de comunidades no coração da floresta amazónica”, sublinha Osvaldo Di Campli, SVP & Head of Network Infrastructure Americas da Nokia, citado em comunicado. “A conectividade de banda larga ajuda as comunidades e as empresas locais a crescer e prosperar”, acrescentou.

Em muitas zonas da Amazónia, os prestadores de serviços por satélite são a única opção para ter acesso a banda larga. É nesse contexto que a região se transformou no principal mercado da Starlink no Brasil. Segundo a BBC, a empresa de Elon Musk tinha antenas instaladas em 90% municípios da região até julho de 2023.

Ainda na época em que se dedicava ao fabrico e venda de telemóveis, a Nokia chegou a ter uma presença forte na região da Amazónia, onde tinha uma fábrica e um instituto ligado a atividades de inovação. Depois da venda do negócio de telemóveis, a fábrica da Nokia em Manaus acabou por ser vendida pela Microsoft em 2015.