A indústria de telecomunicações deverá aprender com as indústrias mais maduras, flexibilizar as suas estruturas (garantindo a eficiência dos seus projectos) e partir do princípio que o cliente é a peça principal do seu negócio. Estas são as linhas de força dos conselhos hoje apresentados por Camille Mendler, responsável na Europa pela área de estratégias para as telecomunicações do Yankee Group, nas terceiras Jornadas Ericsson, organizadas em parceria com o Semanário Económico.



A responsável apresentou um conjunto de tendências que considera de importância vital para o futuro do sector. Um dos principais conselhos deixados no encontro foi o alerta para a importância de olhar os bons exemplos de indústrias mais maduras como a automóvel, fast food ou informática, tentando aplicar a mesma receita: apostando em vender soluções e não produtos, focagem em grupos de consumidores específicos, focagem no serviço ao cliente, automatização de processos e poupanças de custos.



Camille Mendler considera igualmente fundamental que as empresas se esforcem por investir nos canais negociais mais adequados ao seu negócio, segmentem o universo de consumidores e criem soluções adaptadas às necessidades dos seus clientes. Na visão da consultora, os operadores de telecomunicações (no futuro) "terão dificuldade em não segmentar os seus negócio e conseguir abranger o mercado residencial e empresarial simultaneamente. A importância crescente dos serviços dirigidos às necessidades do cliente e as diferenças entre os dois mercados, dificultará uma estratégia desse tipo", justifica.



A apresentação da responsável do Yankee Group para as telecomunicações na Europa serviu ainda para tecer alguns comentários aos pontos que marcaram a estratégia das empresas europeias de telecomunicações, nos últimos dois anos. Os dados revelam que entre 2002 e 2004 o foco se centrou na racionalização de infra-estruturas, para entre 2004 e 2006 dar lugar a uma orientação mais virada para o cliente (que se traduzirá na introdução progressiva de novos serviços capazes de reter clientes, através de valor acrescentado). Entre 2006 e 2008 o Yankee Group acredita que as empresas estarão apostadas na extensão dos seus serviços e na integração de aplicações.



Os desejos e disponibilidade dos clientes para novos serviços e novos modelos de acesso aos mesmos tem também sido estudado pela consultora que concluiu não existir, para já, uma killer apllication. Quanto ao formato dos serviços, os dados revelam que os clientes não estão muito dispostos a pagar. Entre downloads de música, vídeos, fotos, jogos, acesso a informação e segurança, esta última é a que reúne maior consenso entre os utilizadores. A percentagem de respostas afirmativas e negativas é idêntica, quando relativamente às outras funcionalidades a discrepância é bastante grande.



Camille Mendler falou ainda sobre tecnologias emergentes, nomeadamente o Wi-Fi para dizer que não deposita grandes expectativas na sua capacidade de gerar lucros. Contudo, a responsável considera que os operadores norte-americanos serão os mais penalizados já que têm realizado investimentos elevados neste âmbito.



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