A IDC reviu as previsões para a venda de smartphones este ano e estima que devem ficar nos valores mais baixos da última década, em volume de unidades expedidas para as lojas. A nova previsão indica que este ano as marcas vão satisfazer encomendas de 1,15 mil milhões de unidades, menos 4,7% que no ano passado. A previsão anterior estimava uma queda de 3,2% nas vendas.
A boa notícia para o sector é que em 2024 o mercado vai voltar a crescer. A previsão atual estima que esse crescimento se fixe nos 4,5%, ajustando a taxa média anual de crescimento das vendas do sector para 1,7%, no período entre 2021 e 2027.
Para a revisão em baixa das previsões para este ano, contribuem os mesmos fatores que têm influenciado o mercado nos últimos meses. Entre eles, as perspetivas de crescimento económico fraco e a subida continuada das taxas de inflação, que influenciam negativamente a procura e estendem os ciclos de renovação de equipamentos.
"Embora os níveis de inventário se tenham normalizado, a maioria dos OEMs continuam a ser extremamente cautelosos no seu planeamento comercial a curto prazo” sublinha Nabila Popal, diretora de research da IDC Mobility and Consumer Device Trackers.
A mesma responsável não tem dúvidas de que o mercado vai voltar aos ciclos de crescimento, mas também refere que os “ciclos de atualização mais longos estão a reduzir a taxa de crescimento a longo prazo, impedindo que se atinjam os níveis anteriores à Covid”.
Para os retalhistas, a saída para compensar este abrandamento da procura está em estratégias que permitam amenizar os receios dos consumidores e a falta de disponibilidade financeira. Nesse sentido, tem-se concentrado em incentivos e promoções, com opções de financiamento flexíveis.
A IDC também verifica que, da mesma forma que o mercado tende a manter esta nova tendência para ciclos mais longos de renovação dos equipamentos, vai continuar a beneficiar de uma maior disponibilidade de quem compra para pagar mais pelos seus equipamentos. Esta tendência está a conduzir a um aumento no preço médio dos equipamentos vendidos, que em 2023 deverá voltar a verificar-se, e que se registará pelo quarto ano consecutivo.
O segmento de topo é aquele que mais tem beneficiado das novas estratégias de atração de clientes que a IDC preconiza, como programas de retoma com desconto e crédito à compra de equipamentos. Isso reflete-se nos números de vendas. Nos equipamentos acima dos 800 dólares, as vendas caíram 1,7% no ano passado. Globalmente, em todo o mercado de telemóveis, as quebras foram na ordem dos dois dígitos, como sublinha a IDC.
No que se refere aos sistemas operativos, o ano será mais positivo para o iOS do que para o Android. O sistema operativo do iPhone deve terminar o ano com a quota de mercado mais alta que alguma vez teve, 19,9%, a traduzir um crescimento de 1,1% em 2023.
As vendas de equipamentos com Android, por seu lado, devem cair 6%. Esta queda será influenciada pela performance do sistema operativo em todas as regiões do globo, com destaque para a América Latina e Ásia/Pacífico, onde também se concentra a maior fatia de utilizadores de equipamentos com o sistema operativo da Google. Na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, as vendas de equipamentos com Android devem cair 6,1% e 3,8%, respetivamente.
Recorde-se que até junho o mercado de telemóveis continuava a acumular quedas nas vendas, pelo oitavo trimestre consecutivo segundo as contas da Counterpoint, que apurava uma retração de 8% face ao mesmo período homólogo do ano passado e de 5% face ao trimestre anterior. O período entre abril e junho seguiu-se a um primeiro trimestre de 2023 que foi o pior da última década nesta área, com quebras nas vendas de 23%.
Em Portugal as tendências têm estado alinhadas com as dos resto do mundo: menos unidades vendidas, mas com preços médios mais elevados, segundo a IDC.
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