Por Paulo Gonçalves (*)

As organizações, na pessoa dos seus executivos e demais colaboradores, necessitam, cada vez mais, de soluções que lhes permitam em qualquer lugar, de forma simples e célere, visualizar e interpretar graficamente os seus dados. Face a esta consciencialização, e consequente adoção deste tipo de soluções e serviços, é expectável que em 2016 exista um crescimento sustentável em vários segmentos, no que concerne à análise de informação. Tal situação confirmará tendências passadas e fará surgir novas. Passarei a enumerar, sem qualquer ordem de relevância, o que considero virem a ser os principais vetores nestas áreas do Analítico, vulgarmente designadas de BI.

1 - Democratização (de soluções e de consumo dos dados)

A evolução das tecnologias ditas de BI, respetivos modelos de comercialização pelos fabricantes e um aumento da consciencialização analítica das pessoas e das organizações, têm potenciado a adoção destas tecnologias e dos serviços que lhes estão associados. Trata-se de uma verdadeira democratização de soluções de acesso a dados.

Primeiro pela massificação da utilização de ferramentas específicas, potenciadas pela sua simplicidade e/ou (aparente) baixo TCO, muitos elementos das Organizações têm vindo a levar para dentro de "casa" este tipo de soluções ágeis de análise de dados.

Em segundo, trata-se do amplo acesso e consumo de dados com recurso a soluções de análise mais evoluídas. Uma efetiva politica de Data Governance na organização, incentivando uma cultura de análise em resposta a necessidades do negócio.

2 - Integração

A democratização torna ainda mais desafiante e empolgante a integração de dados e de soluções. Certamente que nos próximos meses este continuará a ser um dos segmentos em foco, quer pelo processamento, fiabilidade e integração final dos dados. Tal tarefa revela-se desafiante, seja pelo volume, localização, estrutura ou formato dos dados. Certamente que nesta componente da integração estará uma boa parte do esforço dos serviços prestados por fabricantes ou consultoras no apoio às organizações.

3 - IoT (Internet das Coisas)

As Organizações começam a dar os primeiros passos na descoberta do “novo mundo”, que são os dados da Internet das coisas (IoT). Tudo indica que durante 2016 as organizações continuarão a fazer crescer o consumo de dados da IoT. Querem analisar estes dados em conjunto com os “seus”, tendo em conta que quanto maior o volume de dados, maior é o potencial para a descoberta de informações.

Por exemplo, um carro já não é apenas um carro na sua conceção original, mas também uma plataforma de dados ligada em rede, um hub e access point de n outros dispositivos e utilizadores onde todos interagem.

4 - Armazenamento

A democratização do consumo e consequente integração de um crescendo volume de dados e soluções está a mexer com os tradicionais modelos de armazenamento. As organizações consomem cada vez maiores volumes de storage, necessitam cada vez de maiores velocidades de processamento e de acesso e melhores mecanismos de continuidade de negócio ou de tolerância à falha. Se a essas necessidades associarmos que quem explora os dados é alheio à sua localização, preocupando-se unicamente com o facto de os mesmos estarem acessíveis, leva a que quem gere as TI possa optar por outras arquiteturas, para continuar a ganhar agilidade, escalabilidade, tolerância à falha e ainda otimizar o seu TCO. Deixando assim cair o modelo da sua integração em datacenters próprios, permitindo que alguns destes dados fiquem armazenados nas suas fontes originais ou em silos adquiridos numa qualquer cloud. Também nesta área, o apoio dos fabricantes e das consultoras em serviços especializados será muito importante na definição e adoção dos modelos que melhor sirvam os interesses das Organizações, permitindo-as explorar mais dados, com maior rapidez.

5 - Visualizações e modelos de análise

Estando a arquitetura de dados definida, disponibilizadas as soluções para o seu consumo e armazenamento, fica a faltar abordar os utilizadores finais. Estes são os profissionais das diversas áreas organizacionais que vão trabalhar estas informações e que são cada vez mais exigentes, quanto às soluções disponibilizadas. O consumidor dos dados não se quer preocupar com o dispositivo que utiliza, mas sim com a informação que consome, e quer poder fazê-lo independentemente da sua localização. Nesse sentido, existe uma demanda cada vez maior por visualizações e modelos analíticos mais evoluídos, capazes de responder a questões ou necessidades mais complexas.

 

Concluindo, de uma forma geral, cada vez mais organizações estabelecerão parcerias de serviços para a componente analítica. Seja na definição da arquitetura dos dados, infraestrutura funcional (soluções), ou adoção de modelos puramente analítico-setoriais.

O aumento na procura, além da salutar concorrência, levará ao surgimento de especializações no segmento, em temas como log e machine data analytics, segurança (CISO) e gestão de ciclos de vida, potenciando uma verdadeira data governance.

Caberá à indústria de TI, através de produtos, consultoria ou formação, capacitar estas organizações na gestão das suas operações e na tomada de decisão, tornando os dados na “espinha dorsal” da sua operação.

(*) Gestor de Projetos e Service Delivery Manager – Rumos Serviços