Por Rui Patrício e Dina Chaves *
O contexto actual
A inovação é, cada vez mais, anunciada por gestores de empresas, consultores, académicos e outros especialistas, como uma das saídas para a crise e como um importante reforço dos factores de competitividade das organizações. No entanto, são poucas as organizações que desenvolvem práticas consistentes e regulares de inovação.
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Em alguns casos, há uma boa gestão de actividades de I&D (investigação e desenvolvimento), mas ainda sem a devida coordenação e alinhamento com a estratégia de negócio e com a geração de valor, por exemplo, ao nível do lançamento de novos produtos ou serviços. São as organizações com uma maior maturidade, em termos de boas práticas de gestão, que reconhecem a necessidade de conceber e implementar sistemas de apoio à inovação com carácter estratégico e não apenas com objectivos incrementais. Isto porque não é condição suficiente para o sucesso, ter apenas capacidade para gerar boas ideias (sejam elas do seu ecossistema interno ou externo).
O mais crítico é explorá-las com sucesso. De facto, do ranking da Booz das 1000 maiores empresas inovadoras, apenas 36% afirmam que os seus processos são bastante eficazes para converter ideias em projectos de desenvolvimento de produto. É fundamentalmente por isso que as organizações necessitam de sistemas de apoio à inovação, de carácter estratégico, robustos e dinâmicos, e de envolver os seus colaboradores na sua concepção, implementação e revisão.
Quando as organizações adoptam programas de gestão estratégica de investigação, desenvolvimento e inovação (IDI), definem claramente qual é o seu desígnio, estabelecem uma estratégia clara e participativa e um plano detalhado para a sua execução e avaliação dos resultados. Uma cultura organizacional que promova a criatividade e a inovação como uma atividade de gestão, planeada e alinhada com os restantes processos de negócio, contribui de facto para a implementação de uma estratégia de inovação sustentável e com elevado retorno.
Umas das capacidades mais importantes para assegurar a consistência, actualização e validade de um programa deste tipo é a vigilância da interface tecnológica. Trata-se de uma capacidade particularmente crítica para as organizações que adoptam estratégias de inovação baseadas no desenvolvimento de novos produtos e serviços, por exemplo de procura de necessidades ou de primazia tecnológica. Tendo em conta que a estratégia é bastante influenciada pela monitorização e análise do ambiente externo, os aspectos do desenvolvimento da ciência, dos avanços tecnológicos e das patentes são cada vez mais determinantes para a sua correta definição.
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Esta capacidade de vigilância tecnológica é desenvolvida ao longo de todas as fases do ciclo de inovação, desde a fase da geração de ideias até à selecção projectos, desenvolvimento produtos/serviços e comercialização. Assim, os activos intangíveis da empresa, nomeadamente os de carácter tecnológico devem, de forma sistemática ser analisados e monitorizados através de uma vigilância constante. As tecnologias não devem ser observadas, apenas quanto às suas características técnicas, mas também ao seu enquadramento e posicionamento face à concorrência.
A vigilância tecnológica surge, neste contexto, como uma ferramenta de gestão estratégica de inovação que permite, através de pesquisa e análise sistemáticas, decidir a melhor estratégia de negócio, com base num conhecimento prévio dos produtos e tecnologias desenvolvidos pela concorrência, que possam criar oportunidades, ou ameaças, para a organização.
A vigilância é encarada como uma forma organizada, selectiva e permanente de captar informação tecnológica e/ou de mercado. Deve ser analisada e convertida em conhecimento para diminuir o risco na tomada de decisão ou antecipar possíveis mudanças. Quando a vigilância é centrada nos avanços do estado da técnica e, em particular, da tecnologia face às ameaças e oportunidades que gera, pode ser chamada de vigilância tecnológica, a mais utilizada nas empresas que têm como principal asset tecnologias protegidas por patente.
As empresas têm ao seu dispor uma ferramenta que potencia um conhecimento alargado sobre o mercado, permitindo antecipar a concorrência e direccionar as actividades de investigação e desenvolvimento para produtos e/ou processos inovadores. Para que a actividade de vigilância tecnológica seja eficaz, são utilizadas bases de dados específicas, e a informação analisada é a seguinte:
- A identificação de documentos de base tecnológica existentes, a nível global, nas áreas consideradas;
- A selecção de documentos pertinentes através de cruzamentos conceptuais sucessivos, buscando as relações entre eles;
- A análise técnica dos mesmos;
- Uma identificação de concorrentes e/ou potenciais parceiros;
- A caracterização de áreas tecnológicas ou tecnologias específicas.
Com base nos resultados de um estudo da Thomson Reuters de Outubro de 2013, "Top 100 Global Innovators", as indústrias mais inovadoras continuam a ser as dos semicondutores e componentes electrónicos, da informática (hardware), do automóvel e das telecomunicações. Em termos de origem geográfica, a maior parte das organizações representativas destas indústrias são dos Estados Unidos, seguidas pelo Japão e pela Europa (França com maior expressão). São estas indústrias mais inovadoras que investem mais no desenvolvimento de capacidades de vigilância tecnológica.
Em conclusão, para implementar um sistema de apoio à inovação é importante assegurar a existência de um sistema de vigilância tecnológica e uma estratégia de propriedade intelectual, capaz de, sem ambiguidades, definir e clarificar as fronteiras dos activos intelectuais a transaccionar.
* da DigitalFlow e da Clarke, Modet & Co. Portugal
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