Por Paulo Coelho (*)
Inovação. Inteligência. Novas capacidades tecnológicas. É isto que está na calha para as empresas que estão a olhar para além da conectividade tradicional e a transformar as suas redes sem fios privadas para acelerar a transformação digital.
As redes sem fios são uma base fundamental para as organizações e essenciais para a infraestrutura de TI dos seus sistemas. Mas há muito tempo que são confundidas como apenas tecnologias operacionais. Atualmente, estas redes estão a providenciar insights em tempo real e a mudar o mundo da conectividade em rede. A sua utilização tem crescido exponencialmente, com alguns estudos a indicar que a tecnologia 5G irá acrescentar 17 mil milhões de euros à economia de Portugal até 2035, essencialmente pela implementação em 6 indústrias: produção, wholesale, informação e comunicação, consumo, transportes e armazenamento e utilities.
As empresas que já “abraçaram” esta tecnologia já têm resultados que comprovam o seu poder. Nos meses que se seguiram ao lançamento de uma rede privada LTE para uma organização multinacional, mais de 28.000 procedimentos digitais foram concluídos, aumentando a velocidade das operações, das atividades de manutenção e garantindo uma maior segurança para os trabalhadores.
Para os que ainda estão a considerar uma opção de rede privada, existe potencial por explorar. As redes privadas sem fios oferecem um maior controlo e segurança, enquanto funcionam como um canal para os dados que permitem o desenvolvimento de Inteligência Artificial e Machine Learning. Esta tecnologia providencia uma cobertura de alta velocidade em grandes ambientes industriais, melhora a segurança e produtividade dos colaboradores, aumenta a eficiência do negócio, e proporciona um vasto leque de novas capacidades, incluindo aplicações de realidade aumentada, veículos autónomos, robótica precisa, e a habilidade para gerar dados úteis em tempo real para tomar melhores decisões de negócio, com mais conhecimento.
E quando falamos do futuro de redes privadas sem fios, as oportunidades para criar valor são apenas o começo.
A rápida ascensão das redes privadas
A conectividade Wi-Fi tradicional dependia, largamente, da colaboração dos fornecedores de serviço. Uma rede privada, por outro lado, é construída utilizando as frequências de espectro reservadas exclusivamente para o ambiente do cliente que usa a tecnologia alugada de uma operadora ou de outro detentor do espectro, como o Governo.
Muitos países estão a disponibilizar mais opções de espectro para acelerar a inovação. Nos Estados Unidos, por exemplo, as organizações podem comprar agora Citizens Broadband Radio Service (CBRS), um conjunto de espectros com frequência de rádio que a Comissão Federal de Comunicações está a libertar para ser partilhado.
As redes privadas permitem que as organizações possam tornar-se independentes dos fornecedores de serviços de telecomunicações e terem um controlo completo na gestão das suas redes. Podem determinar, de forma exata, o que é que se pode conectar à rede e como. É até possível definir políticas de utilização sobre o que é que um dispositivo pode aceder, a partir do momento que está na rede privada.
Ao seguir este caminho, as empresas terão oportunidade de garantir o controlo de que precisam para adaptar a sua rede ao seu uso individual, para além desta ser uma solução rentável. Quando falamos em poupança, o custo total de adquirir redes privadas é consideravelmente mais pequeno do que redes tradicionais sem fios, e permite às empresas priorizar melhor os custos operacionais e manter-se ágil com uma implementação mais rápida das aplicações.
Devido aos desafios que a tecnologia de Wi-Fi tem encontrado no passado, não é surpreendente que as empresas estejam a abandonar rapidamente o uso de soluções tradicionais de Wi-Fi. As redes privadas podem ser especialmente úteis para ambientes industriais onde a conexão Wi-Fi possa ser inconsistente e difícil de implementar. Podem ajudar a resolver os problemas de zonas negras, por exemplo, onde o sinal é muito fraco ou instável para manter a conexão. As zonas negras podem ser causadas por interferência, obstáculos físicos, e distância – tudo problemas que as redes privadas procuram aliviar. Como tal, podem ser extremamente valiosas especificamente em ambientes industriais que têm locais altamente refletores ou sítios que são de difícil acesso com infraestruturas de rede tradicionais.
As redes privadas também garantem benefícios de segurança substanciais. Permitem que as organizações possam aplicar medidas avançadas, incluindo métodos de autenticação baseados em SIM e criptografia forte com interface aérea. Garantem a alocação de perfis de segurança por dispositivo, tornando mais fácil para as empresas controlarem os seus sistemas e continuarem a estar seguras. Estes ambientes sem fios e os dispositivos que controlam representam funções críticas. Desta forma, qualquer tentativa de atores maliciosos para interferir ou sabotar precisa de ser tratada com um sistema de segurança robusto, que apenas poderá ser conseguido através de uma rede privada sem fios.
Tecnologias como o edge computing, cloud e rede de data center estão, muitas vezes, implementadas conjuntamente com redes privadas para abranger ao máximo a Industrial Internet of Things (IIoT), machine learning e capacidades de Inteligência Artificial que a conectividade possibilita.
Estas vantagens contribuem para perceber porque é que as redes privadas estão a expandir-se em todas as indústrias. No entanto, setores como a produção e a energia têm necessidades de aplicações críticas que podem ser desenvolvidas de melhor maneira, com implementação de redes sem fios privadas e edge computing.
Redes privadas em ação
Apesar dos benefícios que as redes privadas podem desenvolver, os líderes tecnológicos podem estar relutantes em adotar redes privadas 5G. Existem conceções erradas de que a instalação de redes privadas 5G necessita de uma remodelação da infraestrutura digital existente da empresa, interromper as operações ou existir uma falta de conhecimento sobre a disponibilidade do espectro CBRS e os benefícios das redes privadas 5G.
Para permitir uma adoção mais ampla e sem complicações nas indústrias, as empresas devem perceber que o espectro que irão utilizar e corresponder às tecnologias que desejam implementar. Devem selecionar um parceiro experiente, conhecedor das tecnologias e de confiança que percebe como é que se consegue assegurar o espectro no país, tal como será integrar na rede da área local, na rede de área alargada e na cloud pública, para que os dados possam ser transferidos e analisados. Devem selecionar um parceiro informado e de confiança para ajudar a assegurar o espectro correto, visto que as indústrias não têm conhecimento do que está disponível para elas. Um bom parceiro vai contribuir na escolha e organização na descoberta do que está disponível e pode funcionar para a empresa.
O futuro das redes inteligentes
Quando falamos de conectividade, não existe uma solução que funcione para todos. Visto que as necessidades e prioridades de cada consumidor são únicas, assim também deve ser a sua solução de conectividade. Os fornecedores devem estar disponíveis para entrelaçar várias tecnologias, se querem mesmo enfrentar os desafios e cumprir os objetivos dos seus clientes.
Enquanto existem claramente desafios associados à implementação de soluções sem fios, é uma tecnologia crítica para impulsionar a transformação digital e um catalisador para o crescimento de negócio. À medida que tecnologias avançadas sem fios como o Wi-Fi 6 se continuam a desenvolver, também devemos esperar o crescimento de abordagens híbridas à conectividade.
No entanto, ser um integrador de serviços de confiança não tem apenas a ver com a tecnologia. Significa que se deve servir como uma luz orientadora. Os clientes costumam dizer que não querem apenas comprar um pedaço de tecnologia; eles querem ajuda de alguém que percebe como é que se consegue ligar tudo. É, por isso, essencial, que se selecione um parceiro, com expertise sem paralelo, que possa providenciar uma orientação imparcial e ajudar a organização a atingir uma nova era de conectividade e crescimento.
Olhando em frente, as redes privadas sem fios vão continuar a expandir-se pelas indústrias que vão além da produção e petroquímicos, vão chegar ao retalho, finanças, saúde, e mais. E em 5 anos, quando as organizações olharem para trás, vão pensar se não deviam ter realizado esta mudança antes.
(*) Practices Leader da Kyndryl Portugal
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