Por Timo Elliott (*)
Existe uma oportunidade incrível para o desbloqueio da inovação nas empresas, se se permitir mais autonomia aos gestores e se se criarem as condições para que façam mais por si mesmos.
Hoje, os profissionais técnicos ou os especialistas em áreas como a gestão de abastecimento dirão que as ineficiências e as lacunas no dia a dia dos seus processos de negócio são óbvias. Se se encontram “à mercê da máquina”, jamais conseguirão resolver alguma coisa sozinhos. Tudo o que lhes resta é apontar os problemas aos especialistas em tecnologia – os quais parecem ter sempre outras prioridades.
E se, em vez disso, permitíssemos que os envolvidos num processo de negócio digital corrigissem com facilidade e rapidez quaisquer problemas, sem este estrangulamento por parte das TI e da Tecnologia?
Tem sido uma visão tentadora desde há muito, mas só agora é que as novas soluções de low code e no code começam, finalmente, a atingir este desiderato. Tanto assim é que, hoje, responsáveis empresariais podem criar novos interfaces, aplicações, processos e fluxos de trabalho automatizados, tudo sem uma única linha de código.
Mas estas ferramentas trazem também os seus próprios perigos. Nas unidades de negócio, localizadas por todo o mundo, novos “tecnólogos de negócio” e “cidadãos-programadores” estão a adotar de forma célere estas ferramentas, sem qualquer supervisão – e o resultado tem tudo para ser caótico.
Cada equipa cria a sua própria versão de como os termos-chave são calculados e de como o trabalho é efetuado. Isto leva ao desperdício de recursos e à maior exposição da organização no que se refere aos riscos de conformidade e segurança. As inovações estagnam, porque não foram projetadas para serem robustas, escaláveis e de fácil manutenção.
As empresas têm de aprender a “organizar-se por falta de controlo”. Por outras palavras, a viabilizar o negócio sem perder as garantias essenciais.
O primeiro passo passa pela construção de uma base sólida para futuras “aplicações compostas”, lideradas pelo negócio. Os especialistas estabelecem um “núcleo limpo”, com serviços de negócio padronizados e definições claras dos principais conceitos do negócio.
Depois, as unidades de negócio são alocadas a “espaços” governados, os quais permitem reunir dados do interior e do exterior da organização. Estes modelam os dados e criam novos fluxos de trabalho e aplicações, necessitando apenas de fazer o drag and drop de caixas que representam o “cliente” ou a “fatura”; ou que representam ações como “tirar uma fotografia” ou “criar uma nota de encomenda”. Enquanto aos poderosos algoritmos de machine learning cabe ajudar a automatizar tarefas rotineiras, como é a extração de informação-chave de documentos anexados a e-mails.
As pessoas podem configurar automatizações simples para si ou para as suas equipas, ou colaborar com programadores profissionais para criarem mais extensões e integrações. Mas, antes que algo seja amplamente utilizado, os administradores podem examinar e validar tudo, de modo a detetarem qualquer duplicação, cálculos errados ou violações de conformidade.
Em suma, a chave para o sucesso é o trabalho conjunto entre as estruturas de Negócio e de TI, cada qual na sua área de especialização: as TI devem ser responsáveis pela tecnologia, mas os gestores devem ser responsáveis pela inovação dos negócios.
Nem todas as equipas de negócio estão prontas para se capacitarem e nem todas as equipas de TI estão prontas para se afastarem das formas de trabalho, testadas e comprovadas. Mas, se feito corretamente, teremos pela frente um futuro brilhante ao nível da inovação.
(*) Global Innovation Evangelist for SAP
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