Por Anthony Sayers (*)
Desde robôs no interior da fábrica, até câmaras que supervisionam as linhas de produção, o edge computing é fundamental para conectar as fábricas inteligentes da atualidade e será cada vez mais importante. Os fabricantes estão a recorrer à tecnologia para combater as pressões económicas, como a inflação ou problemas com cadeias de fornecimento. De acordo com o Gartner, “até 2026, mais de 80% das empresas terão usado interfaces ou modelos de programação de aplicações (Application Programming Interfaces – APIs) de IA generativa (GenAI) e/ou implementação de aplicações habilitadas para GenAI em ambientes de produção”. Muitos estão a recorrer ao edge computing para capacitar a tomada de decisões em tempo real nas fábricas, onde cada milissegundo conta. Mas, com o tempo, a tecnologia edge computing tem o potencial de transformar completamente a forma como o setor da produção opera, permitindo novas formas de fazer negócios, como a “produção como serviço”, anunciando uma nova era em que fábricas altamente automatizadas podem facilmente deixar de fabricar um produto para outro.
O edge, combinado com sensores da Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) e IA, já está a capacitar os fabricantes, permitindo que robôs operem com segurança ao lado de trabalhadores humanos, e tornando possível a monitorização baseada em condições, onde redes de sensores garantem que os engenheiros são enviados para reparar máquinas com antecedência. O mercado do edge computing deverá disparar de 53,6 mil milhões de dólares em 2023 para 111,3 mil milhões de dólares em 2028, de acordo com a análise do MarketsandMarkets, com a IoT a desempenhar um papel fundamental nesta expansão. À medida que o edge cresce em importância no setor, será uma força revolucionária que mudará a forma como os fabricantes operam, criando modelos de negócio e mudando a forma como o mundo fabrica e vende produtos.
O edge conta com dados industriais
O motor por detrás da adoção do edge é a sua velocidade. Quando se trata de dados de telemetria, dados de séries temporais e dados de máquinas, a precisão em milissegundos é essencial. Para os fabricantes, o edge computing oferece um aumento de velocidade bem-vindo: esses dados em alta velocidade não precisam de viajar até à cloud e depois retornar ao dispositivo industrial. Por exemplo, quando se trata de manutenção preditiva, os sensores IoT nas máquinas irão monitorizar e sinalizar que as mesmas precisam de ser reparadas. Como a maquinaria é monitorizada continuamente e os seus dados são transferidos localmente, ela não precisa de passar por várias etapas até chegar à cloud. As atualizações de estado são muito mais eficientes e confiáveis, sendo enviadas aos decisores com mais rapidez. A manutenção e as decisões de negócios correspondentes podem acontecer inteiramente dentro do ambiente controlado da fábrica.
O edge é vital para esse tipo de tomada de decisão em tempo real. Quando se trata dos principais indicadores de desempenho de uma fábrica, os cálculos podem ser realizados ao nível da fábrica, capacitando os gestores para tomar decisões. As métricas podem ainda alimentar regularmente a empresa ao nível da administração, mas as decisões, minuto a minuto e dia-a-dia, podem ser tomadas na própria fábrica, utilizando o edge.
Conetividade edge-to-edge
Na produção, o edge computing pode fornecer informações em tempo real sobre o desempenho de uma máquina, ou os defeitos na linha de produção, promovendo a eficiência. Os robôs industriais já dependem do edge computing para se moverem com segurança e rapidez através de fábricas movimentadas, como acontece na Rapyuta Robotics, onde servidores ThinkEdge transmitem dados de e para mais de 500 robôs. O edge pode ter um impacto mesmo além das paredes da fábrica. A equipa de competição do fabricante de motas Ducati, a Ducati Corse, usa 50 sensores edge incorporados nas suas motas para capturar dados de corrida que vão desde a tração até à temperatura, fornecendo esses dados aos engenheiros para executar simulações de como as motas atuam, e informar o fabrico do futuro.
A tecnologia IoT também fornece aos fabricantes a capacidade de integrar tecnologia operacional e operações de TI num ambiente homogéneo. Esta convergência, habitualmente considerada central para a Indústria 4.0, capacita as empresas a simplificar as operações, aumentar a eficiência, melhorar a tomada de decisões e desbloquear novas oportunidades.
A conetividade edge-to-edge oferece aos gestores a capacidade de implementar soluções de software no local, criando um ecossistema de autoaprendizagem onde os dados fluem entre máquinas, são processados no edge e permitem que os fabricantes tomem decisões mais rápidas. Olhando para além da fábrica, os dados fornecidos pelo edge computing e dispositivos IoT oferecem aos fabricantes uma base para conectar a sua fábrica inteligente ao negócio mais amplo, conectando-se à cadeia de fornecimento, aquisição de materiais, e investigação e desenvolvimento.
Novas maneiras de fazer o bem
As “fábricas inteligentes” fervilham com dados, alimentadas pelo edge computing e pela IA, e permitirão novas formas de pensar sobre a produção, incluindo a “produção como serviço”, que promove modelos colaborativos e reduz a barreira de entrada no setor. Estas fábricas conectadas significam que as organizações podem externalizar a produção, pagando através de um modelo “como serviço”, da mesma forma que as empresas fazem hoje para comprar software e hardware.
No futuro, as fábricas poderão ser capazes de construir qualquer coisa, ou mesmo oferecer opções de produtos personalizados. Uma fábrica, equipada com sensores IoT e definida por software, poderá ser capaz de mudar as suas linhas de produção da construção de automóveis numa semana para a construção de computadores portáteis na semana seguinte.
A fábrica do futuro
O edge computing será a base das fábricas do futuro e impulsionará uma mudança fundamental na produção. Redes de sensores, robôs e edge computing serão a fundação de uma produção verdadeiramente orientada por dados, com resultados fornecidos pelo edge e IA a ajudar a remodelar a forma como a produção funciona. Abordagens como a “produção como serviço” e a conetividade edge-to-edge transformarão o setor, facilitando a colocação de produtos no mercado pelas organizações e tornando mais rápida a resposta dos fabricantes às exigências dos consumidores. A fábrica do futuro será inteligente: e o edge computing impulsionará as suas inovações.
(*) Edge IOT/IIOT Ambassador, EMEA Edge Computing na Lenovo ISG
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