Por João Meira (*)

Vivemos num mundo cada vez mais digitalizado, onde praticamente tudo — desde a comunicação até à gestão de recursos — envolve algum tipo de software. Os programadores são os “arquitetos” deste universo digital, responsáveis por criar e manter as organizações que fazem a tecnologia mover. Sem eles, a inovação tecnológica que movimenta o mundo moderno não existiria.

Ser programador é como ser um artesão de código: construir soluções a partir de linhas de texto que, aos poucos, se transformam em aplicações, websites, sistemas e ferramentas que moldam o mundo digital e servem o mundo “real”. E há um certo encanto nisso. Porém, há também enormes desafios no caminho. A rápida evolução das tecnologias exige que o programador esteja em constante aprendizagem. Além disso, a pressão dos prazos, a complexidade crescente dos projetos e a necessidade de trabalhar em equipa para soluções colaborativas podem tornar o trabalho ainda mais intenso.

Como comecei a minha jornada? Em pequeno, queria entender como funcionavam os video-jogos que jogava. Mais tarde descobri a programação “a sério”, quando estudava eletrotecnia e nunca mais olhei para trás. A minha recomendação é experimentar — backend, frontend, fullstack, QA, native, devops, entre outros. Eventualmente um destes vai fazer “click”. À medida que se ganha experiência, ganha-se também mais responsabilidade, e começa um caminho de especialização. Há quem não queira deixar de programar (ou como dizemos na área, “bater código”) e continua a refinar a técnica, tornando-se um líder junto dos outros programadores; por outro lado, há quem deixa o código para trás e passa para posições de management ou de chefia (e.g. delivery manager, CTO). Há ainda outras áreas mais especializadas, como cibersegurança ou arquitetura, que ficam algures no meio.

Num dia, parece que tudo flui: resolvem-se dilemas rapidamente e vê-se o progresso acontecer mesmo diante dos nossos olhos. Outras vezes, um erro minúsculo pode travar o trabalho de muitas horas, exigindo uma boa dose de paciência e persistência para encontrar soluções. Apesar disso, a sensação de conseguir "fazer magia" é extremamente gratificante.

Se me perguntarem quais são os ingredientes-base para se ser um bom profissional nesta área, respondo sem hesitar que a criatividade, perseverança, carisma, autodisciplina, curiosidade e sensibilidade são elementos-chave. E, naturalmente, uma forte adaptação ao trabalho remoto versus presencial. Para mim, confesso que isso é excelente. Na Blip podemos trabalhar a partir de qualquer parte do país e, até 20 dias por ano, de qualquer parte do mundo. Além disso, vou ao escritório quando quero, e não encontro profissão que me permita igual. Essa flexibilidade é muito relevante para a minha vida pessoal e laboral, porque simplifica os meus dias de uma forma inigualável.

Muito me têm perguntado sobre o futuro desta profissão com a inteligência artificial (IA). Na minha opinião, ser programador continuará a ter pela frente dias promissores e dinâmicos. Está em constante transformação. À medida que o mundo digital evolui, o papel dos programadores também muda, criando novas oportunidades e exigências. Mas não há IA que substitua um programador. O mundo da programação continuará a ser uma área vibrante e atrativa, com profissionais que desempenham papéis cruciais na inovação e no avanço da sociedade tecnológica.

(*) Senior Software Engineer na Blip