Por Carlos Gonçalves (*)

À semelhança de outros exemplos internacionais como a Google, a BBC e tantos outros, a Portugal Telecom lançou o programa Blue Start que se destina a apoiar startups nacionais de base tecnológica. Além do Mentoring, workshops e outros apoios, proporciona ainda às startups um espaço físico em modelo de coworking e colaborativo.

Cada vez mais, os novos modelos de trabalho, como o Coworking, ganham um papel de destaque e começaram a diversificar-se e a ganhar novos rostos de modo a poderem ajustar-se às diferentes necessidades e empresas de várias dimensões - da startup à multinacional.

No mês passado, a cidade de Barcelona - capital europeia do Coworking - recebeu a 4ª edição do Coworking Europe Conference e mostrou um pouco esta evolução. Mais de 300 pessoas dos quatro cantos do mundo participaram, durante três dias, em apresentações, mesas redondas, ateliers e debates sobre o coworking e partilharam best practices e experiências inspiradoras nos seus espaços.

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Com a comunidade de coworking em fase de consolidação - O número de espaços, de acordo com o Global Coworking Census 2013, cresceu 82% totalizando quase 2.500 locais, dos quais quase 50% na Europa - a conferência veio ajudar a mostrar as tendências actuais e como poderá evoluir no futuro.

A par da consolidação do sector começamos a assistir a tendências e a movimentos que reflectem a vitalidade e a relevância de um recente modelo de trabalho flexível que se tornou uma realidade inquestionável e deixou inclusivamente de ser utilizado exclusivamente por startups e empresas em início de actividade.

Os resultados preliminares do Global Coworking Survey 2013 apresentados por Carsten Foertsch da Deskmag deixam antever um crescimento dos espaços de coworking de nicho com a disponibilização de novos serviços num movimento de diversificação que responder às necessidades específicas de sectores e actividades. Apesar do conceito de coworking ter nascido em São Francisco há meia dúzia de anos e muito associado à flexibilidade, informalidade e aos profissionais da indústria criativa, hoje caminha-se no sentido da diversificação.

Tanto nos EUA como na Europa tem-se verificado que há um número crescente de espaços de coworking "tradicionais" que começam já a prestar também apoio de secretariado e outros serviços à comunidade de coworkers aproximando-se, neste aspecto, dos modelos híbridos que conciliam o melhor dos três mundos: escritórios físicos, escritórios virtuais e coworking. Dos exemplos mais conhecidos destacam-se o caso de sucesso internacional do Grind (Nova Iorque e Chicago) que se destaca também pela tecnologia em prol do espírito de colaboração - existência de uma rede social privada - o eOffice (Londres) ou o VipOffices (Bruxelas) que provam que o conceito de coworking se enquadra também nos ambientes corporativos, promovendo de igual forma a colaboração, a partilha e o espírito de comunidade.

A segunda tendência é o aparecimento de associações que reúnem comunidades de coworking e prosseguem um fim específico num movimento revelador da massa crítica no sector. O mais curioso, são os motivos que levam comunidades a associarem-se entre si. Entre os vários exemplos partilhados em Barcelona destaco um pela originalidade. No Canadá foi criada uma associação de espaços de coworking com o fim de proporcionar seguros de saúde ao coworkers dos espaços, colaboradores e respectivas famílias.

A Conferência de Barcelona veio mostrar que o coworking deixou de ser uma promessa para se tornar uma realidade - patente na explosão destes espaços a nível global, incluindo Portugal . O que se assiste agora é a uma enorme diversificação em termos de espaços e de serviços oferecidos. Cada vez mais, deixa de haver espaços de coworking mais os menos puros em termos de conceito. Há sim espaços destinados a diferentes profissionais, actividades e empresas com necessidades específicas que procuram usufruir da grande vantagem do coworking enquanto modelo de trabalho: a flexibilidade.

* CEO do Ávila Coworking