Laptops, notebooks, 2 em 1 conversíveis em tablets, ultraleves, com ecrãs de maior ou menor dimensão. Nos últimos anos o formato dos computadores portáteis não mudou de forma significativa desde que em 1981 foi apresentado o IBM Osborne 1, reconhecido como o primeiro computador de “levar para casa”, embora longe da flexibilidade que hoje existe. Apesar do domínio atual da utilização dos computadores portáteis face aos tradicionais computadores de secretária, ou desktops, o conceito permanece mais ou menos estável, de um equipamento com ecrã e teclado, que se usa normalmente em ângulos a rondar os 90 graus.
O Asus Zenbook 17 Fold OLED faz parte de uma nova linha de portáteis que vem desafiar o modelo estabelecido e apostar na flexibilidade dos ecrãs dobráveis, que já está a ser aplicada com sucesso nos smartphones, embora com limitações de usabilidade, e sobretudo de preço.
O SAPO TEK já tinha tido a oportunidade de fazer contactos próximos com o novo portátil da Asus, que foi mostrado em primeira mão em Lisboa, este ano, ainda antes do anúncio oficial na IFA, mas não há nada como passar alguns dias com um equipamento para perceber se uma primeira impressão se concretiza numa avaliação mais duradoura. Neste caso o interesse pelo formato inovador do Zenbook 17 Fold revelou-se numa apreciação positiva para a usabilidade do equipamento, e, apesar de algumas limitações e dificuldades, este é um namoro a que gostaríamos de dar continuidade.
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Um “game changer”?
O Zenbook Fold é já uma evolução do formato de ecrã dobrável que a Asus tem vindo a testar e que já tinha mostrado em vários protótipos, mas é o primeiro a chegar ao mercado. A Lenovo tem também na calha o ThinkPad X1 Fold, também uma evolução do protótipo que conhecemos em 2019 no Lenovo Accelerate, e a HP estará também a preparar um portátil com ecrã OLED de 17 polegadas, ainda sem apresentação oficial.
O certo é que a Asus está um passo mais à frente e vai colocar o Zenbook Fold nas lojas portuguesas a partir de amanhã, com estreia na Fnac e Worten, acompanhado de um roadshow para que os utilizadores possam conhecer todas as novidades. Mas o novo modelo não deixa de ser um equipamento de nicho, com um preço de luxo a que a larga maioria dos utilizadores não vão conseguir chegar.
Isto não invalida que possa ser considerado um “game changer” pelo potencial de abanar um mercado que há muito está formatado para equipamentos mais “formais”, onde os tablets 2 em 1, ou conversíveis, trouxeram também novas formas de utilização. E pode deixar história.
Tudo indica que este pode ser um tipo de equipamento que veio para ficar, à medida que mais marcas optam pelos ecrãs OLED dobráveis para esticar a área útil de visualização. E tal como aconteceu nos smartphones, onde os primeiros equipamentos tiveram de testar a adesão dos utilizadores, a Asus pode estar a garantir que vai ter papel de ponta de lança numa nova filosofia de utilização.
Hardware à medida de quem gosta de tecnologia
É impossível não reparar nos elementos refinados do novo Asus Zenbook 17 Fold OLED. O chassi é feito de uma liga de magnésio que lhe dá um aspecto de maior qualidade e um toque suave, onde a capa de pele integrada adiciona um nível extra de distinção, servindo também de suporte.
Quando está fechado o portátil é equivalente a um notebook de 12,5 polegadas, mas quando aberto estende a área útil a 17,3 polegadas, com a qualidade OLED e sensibilidade ao toque, num rácio de 4:3 e com uma resolução de 2,5K, correspondendo a 2.560x1.920 pixels. O ecrã é o principal atrativo do portátil, mas vale a pena olhar também o resto do pacote, que é digno de nota.
A plataforma Intel Evo dá a garantia de certificação para os requisitos mais avançados de experiência de produtividade, desempenho e gestão de energia. O processador é um Intel i7 de 12ª geração, 16 GB de RAM, disco SSD de 1 TB e gráficos da plataforma Intel Iris Xe. A bateria de 75 Wh deve suportar até 9,5 horas de visualização de vídeo, em média, com possibilidade de carregamento rápido USB-C de 5V-20V. Como conetividade inclui duas portas USB-C com Thunderbolt 4, suportando carregamento rápido de bateria ou ligações a ecrãs externos, mas não há ligações HDMI.
Mesmo assim o portátil é relativamente fino, com 8,7 mm na parte mais estreita, pesando apenas 1,5 kg, sem contar com o teclado.
Na experiência do dia a dia todas estas características juntas resultam numa experiência fluida de utilização do portátil e embora não o tivéssemos esticado com software muito pesado nunca nos deixou pendurados em navegação web, ferramentas de produtividade e mesmo em jogos ou edição de vídeo.
Ecrã XXL que não pesa na mala
É a possibilidade de esticar o ecrã a 17 polegadas, ou encolhê-lo para um formato mais transportável, que se torna o principal atrativo do Zenbook Fold. Já se preveem modelos de ecrãs que se esticam e contorcem mas já o facto de se poderem dobrar é um salto relevante em relação aos “fixos” ecrãs habituais dos computadores portáteis, e isso é o principal fator UAU deste equipamento.
Ao contrário do que acontecia nos primeiros smartphones dobráveis, quando se dobra o Zenbook Fold não é visível o vinco do ecrã na dobra, o que se deve ao facto de ser muito mais amplo o espaço, que até deixa “espreitar” pelo buraco criado.
A Asus garante que o ecrã foi testado para ser dobrado mais de 30 mil vezes sem danos, e que a dobradiça é resistente, mas naturalmente não testámos essa durabilidade. Como em qualquer produto com partes móveis este tipo de movimento mecânico é sempre uma incógnita em termos de garantia de longevidade, mas também é certo que o portátil será sujeito a menos movimentos de abrir e fechar do que um smartphone pela natureza e tipo de utilização.
Na utilização normal sente-se um pouco de resistência a abrir e fechar, o que dificulta até a abertura com uma única mão, mas ainda assim o movimento é fluido e suave.
A versatilidade é impressionante e um fator de diferenciação, mas nas primeiras impressões nem sempre nos conseguimos lembrar de que o ecrã podem ser usado em formato XXL, com o teclado Bluetooth colocado à frente. Por isso a maior parte do tempo acabámos por usar o Zenbook Fold como um portátil “normal”, em ângulo de 90 graus, variando entre a utilização do teclado do ecrã sensível ao toque ou o teclado físico que se coloca sobre o display e que é mais confortável para quem gosta de sentir o “toque” e resposta das teclas.
O modo de ecrã aberto a 17,3 polegadas foi mais utilizado para ver conteúdos que beneficiam de formatos maiores, como vídeos, em orientação de paisagem. Pela nossa experiência é mesmo melhor usar o suporte porque outros modos de utilização, em que se tenta replicar o uso de um tablet, se tornam demasiado desconfortáveis pelo peso e formato XXL do equipamento.
Por isso mesmo não é simpático para ler livros ou documentos, ou mesmo para tomar notas. Aliás, a Asus optou por não integrar uma caneta no pacote nem recomendar a sua utilização pelo risco de danificar o ecrã.
Somando todas as partes, o Zenbook Fold 17 OLED parece um “flirt” que se transformou num namoro e que facilmente podia acabar em casamento, não fosse o preço. O portátil vai custar 4 mil euros (menos 1 cêntimo) e por este preço há muita coisa que se pode comprar, incluindo um portátil de topo mais um ecrã de grande dimensão, sobrando ainda dinheiro para outros acessórios.
Mesmo assim não deixa de ser um equipamento a considerar para quem gosta de estar na crista da onda das novas tecnologias e tirar partido da versatilidade do novo portátil da Asus.
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