Este ano à beira do rio Tejo, o Rock in Rio decorreu nos últimos dois fins de semana e atraiu mais de 300 mil pessoas, segundo números da organização divulgados no último dia do festival, que estava com bilhetes esgotados. A Prosegur já trabalha com a organização do evento há 9 edições e este ano introduziu algumas novidades, como os drones que foram usados pela primeira vez, segundo explicou ao SAPO TEK Luís Baptista, diretor de Vigilância da Prosegur Security.

Com 500 efetivos no terreno, na vigilância do perímetro, bastidores, palco e de todo o espaço, a que se somaram este ano também as revistas do público, a Prosegur complementou a operação com mais tecnologia, onde se contam cerca de 50 câmaras de vídeo, algumas com elevada resolução, drones e até um robot, o Yellow, que acabou por ser mais usado na demonstração do potencial do que na segurança propriamente dita.

"É um desafio porque é a primeira vez que se faz este tipo de evento neste recinto", admite Luís Baptista, que já está a trabalhar no projeto desde março. Mas segundo o responsável pela operação, "correu tudo bem [...] tivemos aquilo que é normal, sobretudo incidências médicas, de pessoas que se sentem mal, e isso é normal".

As câmaras são um dos elementos centrais em termos de tecnologia, sendo as imagens recebidas no Centro de Comando Operacional, no iSOC, onde em coordenação com as autoridades fazem o acompanhamento e a decisão do que fazer em cada uma das incidências. Para já isso está totalmente nas mãos dos elementos humanos, não sendo usada ainda nenhuma tecnologia de inteligência artificial A tecnologia das câmaras é usada também para a deteção e contagem de pessoas na entrada, que complementa o sistema de bilhética do Rock in Rio, e no perímetro há também algumas câmaras térmicas indicadas para usar durante a noite e evitar intrusões no perímetro de 260.000m2.

"O que fazemos com o nosso iSOC é reunir dados para termos capacidade analítica no sentido de antecipar e prevenir eventos, porque a segurança para nós não é intervir mas antecipar e prevenir eventuais fenómenos. Nesse ponto as máquinas, quer os drones, quer os robots, vão ser muito importantes para complementar a atividade da segurança, não substituindo os humanos na análise e traduzindo isso rapidamente em ação", destaca Luís Baptista

Veja as imagens

A operação estava adaptada ao novo espaço e os drones foram usados pela primeira vez este ano, uma vantagem da nova localização. "No Parque da Bela Vista, pela proximidade do aeroporto, a ANAC não permitia a subida de drones, a não ser numa necessidade extrema da parte da PSP", adianta. Aqui o equipamento foi usado sobretudo para vigilância do perímetro do Rock in Rio, no sentido de evitar eventuais intrusões. O sistema de drones não sobrevoa os participantes do festival, mas voa à volta do recinto a uma altitude que permite ter percepção do que se está a passar, e depois fazer zoom caso haja uma necessidade de específica de intervenção.

"Foi feito o mapeamento do terreno e o drone faz o reconhecimento de forma autónoma, sendo monitorizado caso existe necessidade de passar a comando manual", detalha Luís Baptista, admitindo que até ao momento não foi necessária intervenção adicional. "Tem sido muito tranquilo", sublinha. 

O cão robot Yellow voltou a ser um ponto de atração dos visitantes em várias demonstrações que foram sendo feitas ao longo do festival, mas não teve intervenção direta na operação. "Ele está pensado para fazer intervenção em operações e aqui está numa ação de demonstração do que é a tecnologia na área da segurança, até porque com o número de pessoas que temos aqui a circular alguma ação não seria muito produtiva", justifica. O robot produzido pela Boston Dynamics tem muito potencial nesta área, com a sua resiliência, e poderá ser uma ajuda em operações mais delicadas, fazendo rondas ou intervenções onde a condição humana não será a mais adequada pela perigosidade.

"Usamos o robot e agregamos uma série de tecnologia dependendo do que for o local", refere ainda Luís Baptista, que destaca as vantagens, apesar de ter ainda um handicap do preço, entre 150 a 180 mil euros, o que torna a tecnologia cara para empregar na maior parte das operações.

Para o diretor de Vigilância da Prosegur Security, a tecnologia não é para já um substituto dos elementos humanos. "Acho que nunca vai substituir, vai complementar a condição humana. Cada vez mais temos de ter a condição humana para trabalhar a análise e os dados, e a tecnologia para recolher informação [...] A condição humana cada vez vai ser mais especializada para garantir que consegue tratar, gerir em tempo real, e prevenir situações, baseando-se na informação que vem deste tipo de tecnologia".

O Yellow já tinha "participado" no Rock in Rio 2022 e mais uma vez foi um dos pólos de atração de visitantes, que quiseram tirar fotografias e até fazer festas ao cão robot, roubando destaque aos artistas em palco e outros pontos de interesse no evento.